A Igreja hoje recorda a memória das santas Marana e Cira, virgens, que em Beréia, na Síria, viveram em um lugar estreito e fechado sem teto, e recebiam a comida necessária através de uma janela, mantendo sempre um absoluto silêncio.
Tudo o que sabemos sobre as santas vem da "História Religiosa" de Theodoreto de Ciro, que as conheceu pessoalmente. Neste trabalho, o bispo e historiador eclesiástico nos traz exemplos do que era um vasto movimento ascético monástico na Síria, do qual nossas duas santas faziam parte.
Segundo o autor, embora fossem ricas e tivessem recebido educação de acordo com sua condição, ou seja, embora estivessem preparadas para viver no mundo, as duas decidiram deixar tudo para se juntar à vida penitencial que alguns homens e mulheres da região tinham. Elas então construíram uma cela estreita, com apenas uma janela para receber a comida, e sem telhado, de modo que elas foram expostas às inclemências do sol e da chuva. Theodoreto elogia a bravura dessas mulheres no combate espiritual, notando que sua força supera a dos homens, que normalmente são considerados mais fortes. Elas usavam apenas uma túnica e dedicavam seu dia à oração.
Elas passaram muitos anos nesse tipo de vida (Theodoreto as conheceu quando estavam reclusas por 42 anos). Elas recebiam a comida trazida por mulheres locais, que elas acompanhavam com seus conselhos e conversas espirituais.
Depois de todos esses anos, alguns sacrifícios pesavam como correntes, tanto que Cira, de pele mais fraca, não conseguia ficar em pé. Para essas penitências - excessivas e incompreensíveis para nós - devemos acrescentar o completo silêncio e os prolongados jejuns. Uma vez elas deixaram sua cela estreita: era para fazer uma peregrinação aos lugares santos, e visitar a igreja de Santa Tecla. Depois de terem feito isso, inflamadas de caridade, voltaram ao confinamento. Elas morreram por volta do ano 440, e muitos milagres são atribuídos a elas.
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