A festa da Assunção de Maria ao Céu, como a data de 15 de agosto, tem origem muito remota. Perto de Éfeso, agora em belas ruínas, há uma casa onde morou Maria com o apóstolo João. É uma tradição. Contudo os alicerces desta casa são do século Iº. Todos os anos, neste dia, há um grande movimento de peregrinos. Esses, em sua maioria, são muçulmanos que veneram Maria com muito afeto, pois é Mãe de Jesus. O povo cristão tem como doutrina de fé que “Maria, ao término de sua vida terrena, foi levada ao Céu em corpo e alma”. O dogma da Assunção não está escrito na Bíblia, mas é Tradição que se apoia na Bíblia. Tradição é regra de fé. Pela Tradição cristã podemos saber qual a fé que a Comunidade cristã viveu desde o início. Tradição cristã não tem nada a ver com tradicionalismo. Tradicionalismo conserva o passado porque é do passado. A Tradição guarda a fé do passado. Os grandes teólogos santos da Igreja, que chamamos santos padres, pais de nossa fé, acataram e explicaram este dogma. A liturgia da Igreja sempre celebrou esta festa, desde os primeiros séculos. E por fim, o Magistério, segurança dada à Igreja na autoridade do Papa recebida por Pedro, confirmou oficialmente que este dogma é de fé. Ele não inventou. Para chegar a essa proclamação, o Papa Pio IX consultou também o povo de Deus. A fé do povo de Deus, em seu conjunto, também não erra. A Palavra de Deus na celebração é o fundamento do dogma. A liturgia nos mostra que a razão da Assunção é a Ressurreição de Jesus. Ela a realizou por completo. Jesus é o primeiro ressuscitado. Com a Assunção de Maria estamos garantidos: Todos ressuscitaremos.
A Palavra nos instrui
A leitura do livro do Apocalipse fala de um grande sinal que apareceu no Céu: “Uma mulher vestida de sol... Apareceu outro sinal: Um grande Dragão... que se colocou diante da mulher que estava para dar a luz, a fim de lhe devorar o filho” (Ap 12,1.3.5). A Igreja vê nessa mulher Maria. Ela está junto do Filho na glória da Ressurreição. Maria se tornou um sinal completo para o povo cristão. Ao cantar seu hino, o Magníficat (minh’alma glorifica o Senhor), Ela se faz modelo de quem acolhe a graça de Deus com humildade, reconhece o dom que recebeu, e estende a todos a misericórdia com que foi agraciada. Ela se tornou modelo acabado para os cristãos, pois todos participam de sua graça.
E nos ensina a viver
Ela proclama a misericórdia de Deus para com os necessitados. São os pobres de Javé que mantiveram vivas as promessas, creram nelas e sobreviveram. O texto mostra o estilo hebraico de salientar uma verdade pelos opostos. Lemos que Deus derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes, saciou de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. Temos o costume de ver aí uma mudança social. Na verdade, parece que não há, pois não adianta mudar pobres em ricos e ricos em pobres. Ficou na mesma. O que podemos compreender? D. Helder dizia: “Nem ricos nem pobres, mas todos irmãos”. Podemos entender: Os que acolhem o dom de Deus são ricos de Deus; os que não acolhem, serão desprovidos de Deus. Tornam-se vazios, sem poder enriquecer os outros com o dom de Deus. Quem não tem Deus não tem capacidade de partilhar a vida, os bens e as esperanças. Somos chamados a ver em Maria um modelo. Não podemos nos esvaziar de Deus, pois não seremos transformadores da sociedade.
Leituras: Apocalipse 11,19ª.12,1.3-6a.10ab;
Salmo 44;
1Coríntios 15,20-27a ; Lucas 1,39-56
1. A festa e a data da celebração da Assunção de Maria têm origem remota. Em Éfeso há uma casa cuja tradição afirma que Maria viveu ali. É muito visitada pelos muçulmanos. A doutrina da Assunção nos é transmitida pela Tradição Cristã com base na Palavra de Deus. O Magistério infalível do Papa Pio IX confirmou o dogma, pois esta foi sempre a fé do povo de Deus. O fundamento da Assunção é a Ressurreição.
2. A gloriosa mulher de que nos fala o Apocalipse é assumida pela Igreja como sendo uma figura de Maria. No seu Magníficat ensina que na humildade acolhemos a misericórdia de Deus como dom.
3. Maria proclama a misericórdia de Deus para com os necessitados. Os pobres mantiveram vivas as promessas, creram nelas e sobreviveram. Derrubar os poderosos e mandá-los de mãos vazias, com fome, não é solução. A pobreza pior é a falta de Deus. Esta impede a partilha. Maria é modelo de vida.
Aprendendo no colo da mãe.
Maria é a Mãe de Jesus que é Deus. É também nossa mãe, pois somos irmãos de Jesus e assim, filhos de Deus.
Celebramos o dia em que Ela foi levada ao Céu em corpo de alma. A Igreja não inventou essa verdade, mas aprendeu das primeiras gerações de cristãos que nos passaram pela Tradição da fé. A Igreja sempre acreditou nessa verdade. O Papa Pio IX confirmou, com o magistério, que é verdade de fé e não lenda.
A Igreja, em sua liturgia, identifica Maria com a Mulher gloriosa do Apocalipse. A ressurreição de Jesus é o fundamento desta nossa fé. Ela é a primeira ressuscitada, como diz Paulo explicando a ressurreição: “Cristo é o primeiro, depois cada um segundo uma ordem determinada” (1Cor 15,23). Sua Assunção é garantia de que nós todos vamos ressuscitar. A primeira já foi.
Maria coloca-nos no colo, diante de Deus, e nos ensina como ela cantou, a reconhecer Deus que age em nosso favor e transforma as realidades do mundo na misericórdia.
Homilia da Solenidade da Assunção de Maria (19.08.2012)
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