quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Misericórdia como anúncio”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Atitude fundamental de Jesus 
Há um provérbio que diz: “Uma gota de mel ajunta mais abelhas que um barril de vinagre”. Jesus se intitula o pequenino que acolhe. Não podemos imaginar que as pessoas corressem atrás de Jesus por uma beleza produzida, mas pela bondade produzida por seu coração. Notamos Nele uma dedicação constante aos sofredores. O evangelho noslembrda o fato: depois que os discípulos voltaram de sua missão, Jesus os levou para um lugar sossegado. Mas o povo os encontrou. Ele “viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelha sem pastor. Começou, pois a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6,30-34). Os doentes acorrem pedindo que tenha compaixão deles. A característica fundamental das atitudes de Jesus é a compaixão. Mesmo a obra da redenção que se consuma em sua morte é por compaixão dos que foram vitimados pelo mal. Jesus veio não para ensinar uma religião, mas restaurar totalmente o coração das pessoas para que pudessem sentir que são amadas por Deus e assim construir um Reino de justiça, fraternidade e amor. Nós brigamos por religião, mas não pelo cuidado dos sofredores como Ele fazia. Lembramos a parábola do bom Samaritano. Passaram pelo homem ferido pelos bandidos três tipos de pessoas: um sacerdote, quer dizer a estrutura religiosa; Um levita, isto é, o povo de igreja; E, um samaritano, um herege, um que estava fora das regras religiosas parou e, movido de compaixão acudiu o homem (Lc 10,33). Ele realizou o mandamento máximo do amor. Jesus é o bom samaritano que desceu do céu para vir socorrer o ser humano perdido, ferido, caído nas garras da maldade. Nós gritamos o nome de Deus, fazemos belas celebrações, mas o sofredor continua caído na estrada. Não seguimos Jesus. Não somos capazes de nos compadecer dos sofrimentos dos outros. Prefiramos ser a gota de mel. 
Método de evangelização 
O método da pregação de Jesus era a misericórdia. É o modelo para qualquer tipo de evangelização. O Deus do terror, o juiz que condena e o Deus que se ofende, não fazem parte do projeto de Jesus. Ele mesmo diz: eu não julgo ninguém (Jo 12,47). Este modelo provém da idéia que o medo de ser condenado provoca a conversão. S. Afonso diz que a conversão baseada no medo tem pouca duração. A que permanece é a conversão fundada no amor. Esta sim, dá frutos. O temor que devemos ter de Deus é de não amá-lo o quanto podemos. É o respeito à sua vontade salvadora. Deste modo a misericórdia deve penetrar todos os projetos, as estruturas e o modo de autoridade na Igreja. Os “duros e bravos” são problemas ambulantes. Jesus não era assim. Corremos o risco de projetar sobre os outros nossos problemas. Isso não é do Reino de Jesus. Dói ver os pobres serem maltratados e os poderosos cortejados até comprando a benevolência. Cuidemos com carinho de todos. 
Aurora de um mundo novo 
Começamos aprender que Jesus é bondade. Uma criança de 5 anos, em S. João da Boa Vista, respondeu-me, quando perguntei qual foi a missão de Jesus: Ela, me respondeu: Ele veio ensinar o carinho do Pai. Percebendo o carinho do Pai para conosco em sua misericórdia seremos capazes de mudar o mundo para uma nova civilização baseada no amor. As outras deram frutos. O amor misericordioso permanecerá. Louvamos a Deus por todo empenho das nações grandes em ajudar as mais pobres, não explorá-las. Os bancos são salvos por bilhões. Que caiam algumas migalhas na mesa do necessitado. Os pobres sabem ter misericórdia e se entre ajudam com o pouco que possuem.
ARTIGO PUBLICADO EM JULHO DE 2012

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