Espiritualidade também tem mãos cheias para saciar. Espiritualidade que olha só para Deus e não vê a situação de quem sofre, não serve aos homens e nem agrada a Deus. Quem não sente dor diante dos sofrimentos do irmão, não tem o direito de viver. A fome é uma doença sempre presente na humanidade. As pessoas boas da sociedade e da igreja sempre se preocuparam com aos carentes. Sentiam-se obrigadas a socorre-los. Atualmente o mundo progride de modo espantoso. Por outro lado a fome pelo mundo aumenta. Há lugares de difícil solução, pois a situação se complica pela seca e guerras que não têm fim. É quase um bilhão de pessoas que não têm o suficiente para viver. De cada 7 pessoas do mundo, uma vai dormir com fome. Ficar com pena é um sentimento inútil, se não se procuram soluções. A quantidade de pessoas que morrem de fome supera as que morrem por doenças que já nos assustam. O sofrimento é permanente. Pensemos nos pais que não tem onde tirar comida para os filhos. No Brasil são quase 40 milhões de pessoas que vivem essa situação. A gente tem que se perguntar: Se falta dinheiro para solucionar o problema de milhões, onde arranjam tanto dinheiro para salvar os bancos? São trilhões para sanar os problemas de quem já tem em abundância. Podemos lembrar o desperdício de nossa sociedade. E que dizer do luxo desenfreado e inútil. A pessoa se tornou insensível ao outro. Mesmo na Igreja há o descuido do fundamental do evangelho que é a caridade. Nossa pregação perde a força se ela não é acompanhada da verdade do amor.
Dai-lhes vós de comer
Vendo minha própria experiência, posso dizer que gostamos de falar muito e de pouco fazer. A Palavra de Deus nos orienta para vivermos bem nossa atitude para com nossos semelhantes, sobretudo os necessitados. Nós nos esquecemos que seremos julgados pelas obras que fizermos. Seremos examinados pelo que fizemos pelos necessitados como nos escreve Mateus (25,31ss): “‘Tive fome e não me destes de comer; Tive sede e não me destes de beber; Era estrangeiro e não me recolhestes; Estive nu não me vestistes, doente e não me visitastes, preso e viestes e não me ver’. Então perguntarão: ‘Quando foi que te vimos assim e não te socorremos’? O Rei responderá: ‘Cada vez que não o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim que não o fizestes’” (40). A multiplicação dos pães é um milagre que podemos repetir pois o próprio Jesus disse: “Dai-lhes, vós mesmos de comer”. Cabe a nós a solução na conversão de nosso modo de viver a pobreza que Cristo nos ensinou. A Igreja sempre procurou solucionar a fome. Basta ver que ela é a organização do mundo que mais gasta com caridade. Mas ainda falta. Uma paróquia não é boa quando há gente passando necessidade no seu território.
Pão repartido
Celebramos com amor a Eucaristia, mas nos esquecemos de sua lição: o Pão partido na celebração é o Corpo de Cristo que foi partido na cruz, e a Sua Vida foi repartida. Ele continua com o Corpo massacrado no corpo de tantos sofredores. Ele, na instituição da Eucaristia, partiu o pão e o repartiu. E disse: “Fazei isso em memória de mim”. Não só devemos fazer memória celebrando a missa, mas também dando viva a tantos mortos vivos. Parece que, para isso não existe lei nem castigo. Quando erramos um rito na celebração somos chamados a atenção. Quando não repartimos o pão, podemos ser até elogiados por sermos econômicos e bons administradores. Jesus dirá a nós: Vinde benditos?
ARTIGO PUBLICADO EM AGOSTO DE 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário