terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Ser alimento”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Fé é vida
 
Crer é receber a Vida eterna que dura para sempre e não se esgota. Quanto mais vive, mais ela cresce. Vida eterna é participação na Comunhão do Pai, do Filho e do Espírito. Esta comunhão de mútua doação é sua Vida. Estar unido Um ao Outro constitui a Trindade. A Vida eterna não é para um futuro, mas está presente já e agora em atuação permanente. Ter fé não é só acolher uma verdade, mas é acolher a Vida, pois Deus habita naquele que Nele crê e O ama. Diz Jesus: “Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos nossa morada” (Jo 14,23). Jesus mora em nos como Vida: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6). Tendo a Vida de Jesus em nós não estamos ligados só a Ele, mas, estamos em união aos outros. Esta Vida para ser a verdadeira, tem que ser vida que se doa para que haja Vida. Participamos com Ele de sua missão: “Eu vim para que tenham Vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Ter a Vida que Jesus dá, é dar-se como Vida. As pessoas não precisam de coisas, querem vida. A transmissão da vida a outros não se reduz a ensinar mas comunicar capacidade de viver, pois formamos o Corpo de Cristo e há comunicação de vida como num corpo físico. Se um membro está bem, todos estão bem com Ele. A fé cristã recusa todo tipo de individualismo e puro subjetivismo. O Eu só é completo em D-eu-s. Ele é sempre comunhão, participação e doação. Não sentimos a vida da fé. Sentem-na os que percebem que a fé em nós é habitação de Deus e entrega de amor, como o fez Jesus. 
Vida é multiplicar-se 
Esta reflexão procura compreender o milagre da multiplicação dos pães que não foi um mero distribuir pão de graça num piquenique mal preparado. Ela é um ensinamento sobre Jesus, de modo particular em seu mistério da Eucaristia na Ceia e realizado no Calvário e coroado de glória na ressurreição. Os ouvintes não entenderam, por isso se retiraram. Pedro afirma a Jesus: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de Vida eterna e nós cremos e reconhecemos que és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69). Na profissão de fé, em nome dos outros discípulos, Pedro assume o milagre como sua missão. De agora em diante nós multiplicaremos a vida para que cesse toda fome. Esta multiplicação são as imensas obras de solidariedade na caridade que tantos fazem, tanto espiritual como humana. Fazem da Eucaristia uma escola e uma fonte de Vida para dar Vida. É aqui que podemos compreender que, quando comungamos sem esses sentimentos não distinguimos o Corpo do Senhor, como nos escreve Paulo. Quem comunga, recebendo o Corpo do Senhor, e não se abre para multiplicar a vida e os meios de vida, não vai crescer na fé. Comungar para si não é o que Jesus quis. Comunhão é também com aqueles com os quais Deus se comunica. 
Alegres na doação. 
O povo ficou feliz com o milagre. Jesus também, pois o fez em abundância. A alegria da multiplicação invade nosso coração quando nos doamos assumindo a decisão de estar sempre repartindo o Pão que é Jesus e o pão que nos leva a Jesus. O povo no deserto se alegrou com aquela chuva, pão vindo do céu. Nós nos alegramos com torrente de graças que vem do Cristo, pão repartido. Mergulharemos nas águas da graça de Deus quando virmos os rostos felizes dos necessitados sentido-se amados por Deus através de nós. Isso acontece já em nosso dia a dia. Convém, contudo estar atento a não perder esta alegria.
ARTIGO PUBLICADO EM AGOSTO DE 2012

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