quarta-feira, 27 de outubro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Oração é súplica”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Somos fracos e frágeis
 
A narrativa do pecado dos primeiros pais reconhece a situação fragilizada em que o homem se encontra. Assim narra o livro do Gênesis: “E Deus disse ao homem: Porque deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste do fruto da árvore que eu te havia proibido comer; maldita é a terra por tua causa; tirarás dela, com trabalhos penosos, o teu sustento todos os dias de tua vida. Ela te produzirá espinhos e eva má; e comerás das ervas do campo. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que voltes à terra de que foste tirado; porque tu és pó, e ao pó hás de tornar” (Gn 3,17-19). Esta conhecida fragilidade da pessoa humana, chocante por um lado, é grandiosa por ser um caminho de crescimento em Deus. Ninguém tenha medo de ser pó e cinza. O homem torna-se mais frágil quando dominado pelo mal do pecado. Esta fragilidade e pequenez são um motivo a mais para nos dirigirmos a Deus e rezar como o salmista: “Do fundo do abismo, clamo a Vós, Senhor, Senhor ouvi minha oração. Que vossos ouvidos estejam atentos à voz de minha súplica [...] Ponho minha esperança no Senhor. Minha alma tem confiança em sua Palavra” (Sl.130). Rezar na fragilidade é a condição normal da pessoa em busca de um Deus que é nossa força. A oração da profunda carência torna-se um grito forte que corresponde à bondade de Deus que não fez o homem sem solução, mas o criou para um futuro onde será completo “até atingir a estatura do homem perfeito à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4,13). 
Um Deus atento 
Deus tem seus olhos voltados sempre para seus filhos. “Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua benignidade” (Sl 33,18); e também: “Os meus olhos estão sobre os fiéis da terra, para que habitem comigo” (Sl 101.6). Deus está sempre atento aos sofrimentos de todos: “Vi o sofrimento de meu povo no Egito, ouvi seus clamores e desci para libertá-lo” (Ex 3,7). A noção de um Deus distante da vida das pessoas, mesmo das mais pequeninas, não corresponde ao Deus de Jesus. Se por um lado é atento, é igualmente aberto a ouvir e se interessar por cada uma de nossas pequenas coisas, como um pai ou mãe que dão ouvidos às conversas de seus pequeninos. Podemos então levar a Deus nossas pequenas preocupações e confiar a sua misericórdia nossas complicações mais profundas? É isso que Ele quer. Isaias escreve: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? Mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca. Eis que estás gravado na palma de minhas mãos” (Is. 49,15). Deus ouve a oração das crianças porque é Pai e as entende. Ele sabe o que dizem. A Igreja sempre recorreu à oração das crianças nos dias difíceis. É a oração pura. 
Poder da súplica 
Deus está sempre pronto a atender porque prometeu: “Pedi e vos será dado. Buscai e achareis. Batei e vos será abeto... Quem dentro vós dará uma pedra a seu filho se pedir pão? ... O Pai celeste dará coisas boas aos que lhe pedirem” ( Mt 7,7-13). O poder da súplica está na disposição de Deus de sempre nos atender. Ele é melhor do que nós e “sabe do que precisamos, mesmo antes de lho pedirmos” (Mt 6,8). Sobretudo quando pedimos para os outros, temos a certeza de ser atendidos, pois é oração de grande força, já que parte da caridade e do mesmo cuidado que o Pai tem pelos necessitados.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2005

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