PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Ao dizermos que a oração é diálogo, é conversa de amigos e, mais ainda, é olhar nos olhos e amar, estamos querendo unir nosso relacionamento com Deus com aquilo que é central em nossa vida, o afeto. Nós achamos que a oração na vida espiritual depende somente de nós. Na realidade, toda a iniciativa é de Deus. Deus nos criou e nos conserva. A redenção da humanidade foi uma iniciativa de Deus como nos diz Paulo: “ Deus demonstra seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,8). Na vida de oração, podemos ter certeza de que é Deus quem puxa a conversa. Ele mesmo nos leva a procurá-lo. Ele nos deu o Espírito que nos introduz nesta relação amorosa com o Pai, pelo Filho. O afeto da oração vem em primeiro lugar de Deus. Podemos ler no profeta Oséias: “Eis que vou, eu mesmo, seduzi-la e conduzi-la ao deserto e falar-lhe ao coração. Ali me responderá como nos dias de sua s juventude, como no dia em que subiu do país do Egito” (Os 2,16-17). Ao iniciarmos uma oração, temos já o impulso do afeto de Deus que nos convida a um diálogo, a uma conversa com Ele. Nossa oração é resposta a uma questão: “Simão, tu me amas?” (Jo,21,15). Quando se estabelece o relacionamento de Deus com seu povo, usa-se o termo aliança, e Deus toma a iniciativa de oferecer-se como parceiro desta aliança. Notamos a freqüência com que se diz: “Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel, a quem escolhi” (Is 44,1). Deus se compromete, mesmo antes de o homem dar garantias de sua fidelidade. A linguagem da aliança diz sempre do amor que ela oferece. O amor presente na aliança de Deus com a humanidade é como um casamento. O mútuo amor que fala ao coração realiza este matrimônio.
Cultivar o amor
A oração vai além de palavras, gestos e atitudes. Ela se centraliza no desejo de um encontro que preencha o coração. Se fizermos muitos pedidos nas dificuldades que passamos, não perdemos o conteúdo de nossa atitude oracional: é o amor que nos leva a buscar a Deus e a confiar nÊle na situação em que nos encontramos. Quando rezamos, estamos amando. O amor é consistência da oração. Mesmo que não consigamos nos exprimir por palavras, há dentro de nós um estímulo grande para acreditar que Deus está ao nosso lado e nos ouve. É a certeza de que estamos sendo vistos e ouvidos com amor. Uma oração que não nasce do amor, não preenche nosso coração da alegria e da serenidade. Deus não cobra nosso amor. Ele nos ama. Rezando demonstramos que O amamos.
Amor universal
O amor de que falamos é o amor que se difunde. Quando estamos em oração, estamos unidos a todos os que Deus ama, isso é, todos. Rezando, estaremos criando a grande corrente de amor onde levamos a Deus todas as pessoas e expressamos seu o amor a todos. Oração não se reduz a palavras ditas, mas a uma transformação do mundo em amor. Não precisamos dizer que amamos, pois, ao rezar estamos amando. Mais ama a humanidade aquele que reza. Mais reza aquele que ama a humanidade e transforma sua vida em um gesto permanente do amor de Deus a todos. Não há oração sem amor, como não há amor sem oração. O amor universal, onde somos tudo para todos, é o resultado da oração. A oração transforma-se em uma corrente que une a humanidade a Deus.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JANEIRO DE 2005
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