Evangelho segundo São Lucas 13,18-21.
Naquele tempo, disse Jesus: «A que é semelhante o Reino de Deus, a que hei de compará-lo?
É semelhante ao grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta. Cresceu, tornou-se árvore e as aves do céu vieram abrigar-se nos seus ramos».
Jesus disse ainda: «A que hei de comparar o Reino de Deus?
É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Beata Maria Eugénia do Menino Jesus
(1894-1967)
carmelita,
fundadora de Notre Dame de Vie
A união transformadora
A graça santificante é como um fermento
O nome de união transformadora evoca, em primeiro lugar, a regeneração espiritual e a completa transformação da alma pelo amor. A alma «torna-se divina e torna-se Deus por participação» (São João da Cruz, «Cântico espiritual», estr. 27). A sua união com Deus é tal que se tornam «duas naturezas num mesmo espírito e amor de Deus». A plenitude destas palavras só revela os seus segredos à luz das definições da graça santificante e suas propriedades.
A graça santificante dada pelo batismo é uma participação real na vida divina. Ela entra na nossa alma, estabelece a sua sede na substância como qualidade entitativa e toma posse das faculdades pelas virtudes infusas. Não permanece à superfície, como um verniz, nem no exterior, como um enxerto que prolonga o caule. É verdadeiramente infundida e penetra nas profundezas como um corpo simples, como um óleo que se estende e um fermento cuja ação e penetração invasoras não se conseguem deter. A alma e as faculdades são, pois, simultaneamente envolvidas e penetradas por esta luz divina. Na verdade, a vida espiritual é um progresso conquistador da vida divina por meio desta progressiva invasão. A graça é verdadeiramente o fermento que uma mulher mistura com três medidas de farinha. Ela transforma-nos para nos unir mais a Deus. União e transformação andam a par. Tal é, com efeito, a propriedade essencial do amor, e esta graça é caridade da mesma maneira que Deus é amor. A graça ou o amor que invade a alma e a transforma é uma participação criada na natureza divina. Ela pertence com propriedade à alma e é bem diferente de Deus. Mas é dada apenas para nos unir ao princípio do qual procede. Ela lança a alma no braseiro infinito que é o próprio Deus e mantém-na aí, como em seu elemento vital, através de uma união constante.
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