PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 53 ANOS CONSAGRADO 46 ANOS SACERDOTE |
Jesus, depois de seu batismo e da vitória sobre o tentador, inicia sua pregação na Galiléia. No itinerário para chegar a Jerusalém, Cafarnaum é a primeira estação. Era território que fazia fronteira com pagãos, muitos dos quais habitavam por ali. Os judeus tinham reservas quanto a esta mistura de pagão e judeu. Mas, há uma profecia antiga de Isaías que anuncia que esta região “que vivia nas trevas viu uma grande luz, e para os que viviam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu” (Is 9,1). O texto de Isaias refere-se ao tempo em que o rei da Assíria, Tiglatpeleser (2 Rs 15,29), conquistou também a Galiléia e levou a população deportada. O que restou espera uma redenção. Este povo meio pagão, meio judeu recebe de Isaias a promessa de uma redenção que lhe ilumina a escuridão. A redenção prometida é como nos tempos de Gedeão, e parecia impossível (Jz 7,16-25). A eles também se dirigiam as promessas. Jesus é essa luz. Ele responde à profecia. Sua pregação é sintética e essencial: Conversão porque o Reino dos Céus está ali - Jesus e o Espírito. A esta pregação deve ser dada a resposta do acolhimento. No mundo há muitas situações limite onde não existe mais saída. A única solução é a esperança. Somente ela pode dar-nos a satisfação de uma resposta segura da parte de Deus. É preciso esperar contra toda esperança. Não há situação que torne inútil a esperança. Esperar significa ter coragem de continuar vivendo. Quando não temos mais forças para caminhar, caminhamos sem força. A esperança é fundada na fé e atuada na caridade.
Passou, olhou e chamou
Jesus convida os primeiros discípulos. Passando à beira do lago chama os ocupados pescadores para continuarem sua missão em uma outra dimensão: “farei de vós pescadores de homens”. Continua a luta da pesca nas noites escuras, na procura esperançosa de um resultado satisfatório. Participar da caridade da pregação da palavra divina é continuar a obra de Cristo. Sua obra é permanente. Deus viu que tudo era bom. Jesus olha e vê que todo homem é bom para ser continuador desta missão. Aceitar o convite é se comprometer com uma pessoa concreta, não com um serviço, pois os discípulos seguiram Jesus e com Ele iniciam a caminhada de pregação, curas por toda a Galiléia, sendo luz aos que estavam nas sombras. Jesus tinha uma predileção pelas periferias do mundo. O salmo canta que Jesus é minha luz e salvação, por isso vale a pena esperar no Senhor e ter coragem.
Uma pessoa e não uma idéia
Na primeira carta aos Coríntios, Paulo exorta à união e a serem concordes uns com os outros. Havia um problema que os coríntios estavam discutindo sobre a procedência da fé: “Eu sou de Paulo, eu sou de Apolo, eu sou de Pedro, eu sou de Cristo” (1ª Cor 1,12). Os cristãos se classificavam de acordo com duas ideologias. Paulo insiste que não é por aí que vamos nos definir, mas por Jesus Cristo. Paulo foi enviado para pregar a boa nova da salvação, sem se valer dos recursos da oratória, para não privar a cruz de Cristo da sua força própria (1Cor 1,17). Seria bom que nós nos examinemos para saber onde apoiamos nossa fé: na pessoa de Jesus ou em meu modo de pensar.
(Leituras: Isaias 8,23-9,3; Salmo 26;
1ª Coríntios 1,10-13.7; Mateus 4, 12-23)
Ficha:
1. Jesus, depois do batismo e tentação, vai para Cafarnaum, na Galiléia. Esta era uma terra onde a população judaica se misturara com pagãos. Não eram bem vistos. Viviam nas trevas. Nos tempos do profeta Isaías, viveram uma situação difícil. Foram conquistados, deportados e o resto do povo ficou sem esperanças. O profeta anuncia que verão uma grande luz. É justamente entre os desprezados que Jesus começa seu ministério, reanimando a esperança, sendo Ele a grande luz. Convoca à conversão, pois o Reino dos Céus está presente nEle e em seu Espírito.
2. Jesus inicia sua missão chamando seus discípulos. Ele passou, olhou e chamou. Sua missão é a mesma de Jesus. Ele está em missão permanente, agora através dos seus continuadores. São animadores da coragem para os que têm esperança, mesmo no meio das trevas.
3. Paulo, vendo as divisões da comunidade de Corinto, identifica o problema: estão mais em ideologias do que na fé em Jesus Cristo. Isso nos leva a rever nossa ligação excessiva com os movimentos, idéias e modos de pensar que nem sempre condizem com Jesus Cristo.
Homilia do 3º Domingo do Tempo Comum
EM JANEIRO DE 2005
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