sexta-feira, 29 de outubro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Receita de Felicidade”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
53 ANOS CONSAGRADO
46 ANOS SACERDOTE
Por onde Deus começa?
Deus está na contra-mão ou somos nós que pegamos a mão errada e nos temos por certos? Podemos perceber que na Bíblia se fala bastante dos pobres, dos humildes e que há uma atenção maior para com os sofredores e humildes. Deus ora escolhe os que foram rejeitados como Davi, Moisés, os profetas, ora está socorrendo os humilhados, como Ana, a estéril, Ruth, a pagã moabita, Gedeão, último de sua família. O próprio Israel não era mais do que um amontoado de tribos sem expressão. Deus começa por aí. Podemos ler também que os que conservam as esperanças são os humildes - como a Bíblia os chama, “o resto de Israel”, o resto que não conta mas permanece fiel. Jesus vive em uma condição humilde, escolhe os apóstolos entre os humildes. Que futuro terá o Reino inaugurado se virmos a condição dos apóstolos? “Deus escolheu o que era vil, para confundir o que era forte” (1 Cor, 1,27). Sofonias proclama: “...e deixarei entre vós um punhado de homens humildes e pobres. No nome do Senhor porá sua esperança o resto de Israel” (Sf 3,14). Por que Deus começa pelos fracos e pobres? Quem faz deuses a seu gosto e para sua necessidade, não precisa de Deus. Por isso Jesus vai dizer: “como é difícil a um rico entrar no Reino dos Céus” (Mt 19,23). Não pelo seu dinheiro, mas pela sua incapacidade de usar os bens como caminho para encontrar a Deus. 
O caminho do Céu
Jesus diz que esse caminho é estreito (Mt 7,14) porque passa por um único lugar: a felicidade. Quando falamos de religião sempre pensamos em normas severas, proibições e promessas de castigo. Jesus, ao apresentar e proclamar a nova lei inicia pela palavra FELIZ – Bem-aventurados. Este é o resumo de tudo o que quis ensinar. O Céu, o Paraíso, a vida deste mundo é felicidade. Esta se conquista através de poucas e simples realidades: ser pobre em espírito, a fome e a sede de justiça, a misericórdia, a pureza de coração, a promoção da paz, o sofrimento pela justiça e mesmo a morte por Jesus. A cada uma destas palavras acrescentamos: bem-aventurados – felizes porque... Felizes os pobres em espírito porque deles é o Reino dos Céus. No Antigo Testamento a sabia lei era pelo negativo: “Não matarás...” Eram explicativos do “amarás o Senhor teu Deus... A lei nova já proclama feliz quem é pobre de espírito, é puro, manso... Esta lei não é obrigação, é um caminho, um modo de ser e de viver sem o qual não podemos entender Jesus. Sofonias resume o Antigo Testamento nas palavras: “Buscai o Senhor, humildes da terra; praticai a justiça e procurai a humildade e encontrareis refúgio” (Sf 2,3). O salmo 145 acrescenta: cuida dos oprimidos, dos famintos, abre os olhos aos cegos, faz erguer-se o caído. Deus é sua felicidade. 
Um caminho seguro 
“O caminho será guia ao viandante”. O caminho é a trajetória da felicidade. Ele próprio vai conduzindo o amigo de Jesus sempre a maior felicidade, mesmo em meio às contrariedades. Mas é preciso que isso se torne a estrutura de nosso modo de viver, de nosso modo de ser cristão. Mesmo que não pareça, a salvação que Deus apresenta é para ser vivida como felicidade neste mundo. Não podemos pensar em cristianismo triste e oprimido. O que nos parece dor, normalmente assim parece pelo desconhecimento da felicidade que Deus oferece em viver o amor em toda sua dimensão de humildade. 
Leituras: Sofonias 2,3;3,12-13; Sal 145; 
1ª Coríntios 1,16-31; Mateus 5,1-12 
Ficha: 1. Deus sempre começa pelos humildes. A própria história bíblica o conta. Jesus escolheu os humildes e viveu no mundo humilde e pobre. Por que? Quando fazemos nossos deuses, Deus fica fora de nosso mundo. 
2. Jesus mostra o caminho estreito: a felicidade. Somente por ele chegamos a Deus, pois esta felicidade resume todo o ensinamento de Jesus. A lei não é uma obrigação, mas um caminho. 
3. A partir das bem-aventuranças devemos estruturar nossa vida humana e nossa espiritualidade, isso é, nosso modo de ir ao Céu. 
Homilia do 4º Domingo do Tempo Comum
EM JANEIRO DE 2005

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