Evangelho segundo São Marcos 10,46-52.
Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho.
Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim».
Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim».
Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te».
O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus.
Jesus perguntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja».
Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
Tradução litúrgica da Bíblia
Monge, bispo
«Vida de Moisés»,II,231-233,251-253
«Logo ele recuperou a vista
e seguiu Jesus pelo caminho»
No Monte Sinai, Moisés disse ao Senhor: «Mostra-me a tua glória». Deus respondeu-lhe: «Farei passar diante de ti toda a minha bondade, mas tu não poderás ver a minha face» (Ex 33,18ss).] Este desejo provém de uma alma animada pelo amor à beleza essencial, uma alma a quem a esperança conduz, da beleza que já viu, à beleza que está para além dessa. Este pedido audacioso, que ultrapassa os limites do desejo, almeja a beleza que está para além do espelho, do reflexo, almeja vê-la face a face. A voz divina satisfaz o pedido, ao mesmo tempo que o recusa: a magnanimidade de Deus concede a satisfação do desejo, mas não promete repouso nem saciedade. Nisto consiste a verdadeira visão de Deus: quem para Ele eleva os olhos nunca mais cessa de O desejar. É por isso que Ele diz: «Não poderás ver a minha face». O Senhor que assim tinha respondido a Moisés diz o mesmo aos seus discípulos, clarificando o sentido desta simbologia. Ele diz: «Se alguém quiser vir após Mim», (Lc 9,23) e não: «Se alguém quiser ir à minha frente». Ao que Lhe faz um pedido a respeito da vida eterna, propõe o mesmo: «Vem e segue-Me» (Lc 18,22). Ora, aquele que segue outro caminha virado para as costas daquele que o guia. Portanto, o ensinamento que Moisés recebe sobre a maneira de ver a Deus é este: ver a Deus é segui-lo para onde Ele nos conduzir. Com efeito, quem não conhece o caminho só pode viajar em segurança seguindo o guia, que o precede; quem vai atrás não se desviará do caminho se seguir aquele que o conduz, pois se for ao lado ou de frente para o guia, tomará uma via diferente da indicada. Por isso, Deus diz àquele a quem conduz: «Não poderás ver a minha face», o que significa: «Não olhes de frente o teu guia», porque, se o fizesses, correrias num sentido que Lhe é contrário. Como vês, é importante aprender a seguir a Deus; quem O segue desta maneira não verá o seu caminhar contraditado pelo mal.
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