Evangelho segundo São Lucas 12,54-59.
Naquele tempo, dizia Jesus à multidão: «Quando vedes levantar-se uma nuvem no poente, logo dizeis: "Vem chuva"; e assim acontece.
E quando sopra o vento sul, dizeis: "Vai fazer muito calor"; e assim sucede.
Hipócritas, se sabeis discernir o aspeto da terra e do céu, porque não sabeis discernir o tempo presente?
Porque não julgais por vós mesmos o que é justo?».
E acrescentou: «Quando fores com o teu adversário ao magistrado, esforça-te por te entenderes com ele no caminho, para que ele não te arraste ao juiz e o juiz te entregue ao oficial de justiça e o oficial de justiça te meta na prisão.
Eu te digo: Não sairás de lá, enquanto não pagares o último centavo».
Tradução litúrgica da Bíblia
Encíclica «Dives in Misericordia»§15
(trad.©copyright
Libreria Editrice Vaticana,rev.)
Discernir os sinais do nosso tempo
A Igreja tem o direito e o dever de apelar «com grande clamor» para o Deus da misericórdia (Heb 5,7). Este «grande clamor» há de caraterizar a Igreja do nosso tempo, um clamor a suplicar a misericórdia segundo as necessidades do homem no mundo contemporâneo. Deus é fiel a Si próprio, à sua paternidade e ao seu amor! Tal como os profetas, nós apelamos para este amor de caraterísticas maternais, que, à semelhança da mãe, vai acompanhando cada um dos seus filhos, cada ovelha desgarrada – ainda que houvesse milhões de extraviados, ainda que no mundo a iniquidade prevalecesse sobre a honestidade e ainda que a humanidade contemporânea merecesse pelos seus pecados um novo dilúvio, como outrora sucedeu com a geração de Noé.
Recorramos, pois, a tal amor, que é um amor paterno, como nos foi revelado por Cristo na sua missão messiânica, e que atingiu o ponto culminante na sua cruz, morte e ressurreição! Recorramos a Deus por meio de Cristo, lembrados das palavras do Magnificat de Maria, que proclamam a sua misericórdia «de geração em geração» (Lc 1,50). Imploremos a misericórdia divina para a geração contemporânea: elevemos as nossas súplicas, guiados pela fé, pela esperança e pela caridade que Cristo implantou no nosso coração.
Esta atitude é, ao mesmo tempo, de amor para com este Deus que o homem contemporâneo por vezes afastou tanto de si que O considera um estranho e de várias maneiras O proclama supérfluo. É de amor para com este Deus, em relação ao qual sentimos profundamente quanto o homem contemporâneo O ofende e O rejeita. Por isso, estamos prontos para clamar com Cristo na cruz: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,24). Tal atitude é também de amor para com os homens, para com todos os homens, sem exceção e sem qualquer discriminação: sem diferenças de raça, de cultura, de língua, de conceção do mundo, e sem distinção entre amigos e inimigos.
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