PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO |
“Meu Senhor e meu Deus”
Eu
creio.
Rezamos
na oração na celebração de hoje que tenhamos uma vida coerente com o Mistério
Pascal de Cristo que é sintetizado nos sacramentos da iniciação do Senhor:
“Reacendei a fé de vosso povo na renovação da festa pascal e aumentai a graça
que nos destes. Fazei que compreendamos melhor o batismo que nos lavou, o Espírito
que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu”. Cristo ressuscitado se
manifesta aos discípulos reunidos no domingo. É na comunidade que a fé nasce e
cresce. Tomé faz o mais perfeito ato de fé, em nome de todos nós, dizendo a
Jesus: “Meu Senhor e meu Deus” (Jo 20,28). Jesus quis que Tomé fosse além dos sinais sensíveis.
Ele queria tocar a mão nas feridas de Jesus para saber se era Ele mesmo. Tem fé
mais pura aquele que crê sem precisar de sinais materiais. Paulo diz que os
judeus pedem milagres e os pagãos querem sabedoria e nós, apresentamos Cristo
Crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os gentios (1Cor 1,22-23). A
presença do Ressuscitado na comunidade vai se manifestar quando acolhemos sua
Paixão e sua Ressurreição. Assim podemos receber o dom do Espírito: “Recebei o
Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem,
não os perdoardes, eles lhes serão retidos” (Jo 20,22-23). Aceitar a redenção que Cristo
nos trouxe e ofereceu com abundância, é ter o perdão dos pecados. Do contrário,
a recusa de aceitar Cristo em seu Mistério Pascal, não tem a remissão. A
misericórdia de Deus é infinita e continua a oferecer seus dons.
Eu
amo
A
Ressurreição atinge o coração da pessoa na dimensão do amor a Deus que se
manifesta no amor mútuo que forma a comunidade. Esse amor não é vazio, mas
deixa o bolso vazio (fazendo um jogo de palavras), isto é, desapegando dos bens
materiais e se voltando para a vida do Reino. Por isso Lucas coloca essa
experiência dos bens em comum: “A
multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como
próprias as coisas que o possuído, mas tudo entre eles era posto em comum” (At 4,32). Vemos que o
povo cristão, nos tempos posteriores, preferiu viver na ganância. Por isso não
somos testemunhas verdadeiras da Ressurreição. O testemunho da caridade é a
verdadeira manifestação da misericórdia de Deus que cuida de seus filhos em
todos os sentidos através dos irmãos. O amor de Deus é usar o sacramento do
irmão para o amor se tornar realidade. O amor de doação que o mundo rejeita é a
pedra angular do mundo novo. A vitória sobre todos os males está na fé vivida
no amor. Crer em Jesus é nascer de Deus. A fé é a vitória sobre o mundo. Mundo
no pensamento de João é a oposição a Jesus e não o maravilhoso mundo criado por
Deus. Não somos do mundo. A figura do mundo passa.
Eu
espero
“A esperança não decepciona,
porque Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo
que Ele nos concedeu” (Rm 5,5). O Espírito Santo
nos foi dado como dom da Ressurreição. Tem como consequência o amor que foi
derramado em nossos corações. Amar a Deus é também amar aos irmãos, “pois
sabemos que amamos os filhos de Deus quando amamos a Deus e guardamos os seus
mandamentos” (1Jo 5,2).
Podemos afirmar que não haverá esperança nem amor se não nos dedicamos ao amor
de Deus. Quem crê, ama e por isso espera, isto é, tem certeza. Na oração final
da missa pedimos que conservemos em nossa vida o sacramento pascal que
recebemos.
Leituras: Atos do Apóstolos 4,32-35; Salmo 117; João 5,1-6; 20,19,31
1. Tomé
faz o ato de fé perfeito: Meu Senhor e meu Deus.
2. A
Ressurreição atinge o coração na dimensão do amor a Deus que se manifesta no
amor mútuo que forma a comunidade.
3. Podemos
afirmar que não haverá esperança nem amor se não nos dedicarmos ao amor de
Deus.
Na ponta do dedo.
É bonita essa colocação sobre o ato
de fé Tomé. Ele achava que o dedo dele resolvia tudo. Se eu não tocar o dedo
nas marcas dos pregos e não colocar a mão na ferida do lado, não acreditarei.
Jesus chega e chama para tocar para crer. E depois diz: felizes os que creram
sem ter visto. Somos nós esses felizardos.
Quem crê ama. Por isso tocamos as
feridas de Jesus, não no corpo Dele, mas no corpo dos irmãos, pois o amor é
concreto, não somente um sentimento. Amar a Deus é amar o outro. Se não
tocarmos os sofredores em todas suas chagas não saberemos fazer nosso ato de
Fé: Meu Senhor e meu Deus. Não adianta repetir isso na consagração da missa,
com todo afeto, se o afeto não tem outro destino que nossa incompreensão do
Cristo que ainda está crucificado em tantos calvários, vistos a todo instante
nas vidas sofridas, crucificadas, abandonadas pelo poder pública e por todos
nós que, tendo a condição de ajudar, mediando novas oportunidades, não o
fazemos.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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