O pensamento da Ressurreição
domina os cinquenta dias que se seguem à Páscoa. Sto. Atanásio chama o tempo
pascal de um grande domingo. É um tempo todo do Senhor. A Luz que vem da gruta,
onde Jesus foi sepultado tem força de eternidade. Cristo, vencedor da morte,
iluminou o mundo. Não mais se apagara, pois refulge na Glória do Pai. Vencida a
morte, construímos a Vida. “Nele estava a Vida e a Vida é a Luz dos homens e a
Luz brilha nas trevas, mas as trevas não a apreenderam” (Jo 1,4). O grande contraste de luz e
trevas domina a resposta da humanidade à Luz que ilumina todo homem vindo a
esse mundo (Jo 1,9).
A Luz vence as trevas com a Ressurreição. No momento da morte de Jesus se fez
trevas sobre toda terra. Não há trevas por falta de sol, mas porque a Luz fora
aniquilada. Na manhã da Ressurreição o Anjo que removeu a pedra tinha o aspecto
de um relâmpago e sua roupa era alva como a neve (Mt 28,1-30). A Vida venceu a morte. Podemos
até perguntar porque o mundo anda com tantos problemas. Sempre existiram
problemas justamente porque ainda não se acolhe a Luz. A semente tem seu tempo
de nascer. Quando Jesus fez o milagre do cego de nascença com barro feito com a
saliva, quis nos comunicar a necessidade de sair da fragilidade e acolhê-Lo,
pois Ele é a Luz. É um processo lento. Deus tem seu tempo.
2030. Luz de Cristo em nós
Pelo Batismo recebemos a Luz,
simbolizada na vela do batismo. O milagre do cego simboliza essa luz que
recebemos. Podemos ver claramente. Depois de conhecer Jesus que o curara, ela
professa sua fé: Jesus pergunta: “Crês no Filho do Homem?... Creio, Senhor!” A
Luz que é Cristo. Pelo Batismo participamos de sua Vida e de sua Luz. Em nós
resplandece Cristo que é Luz. Nossa vida, nossas ações são marcadas pela Luz de
Cristo. O que somos em Cristo produzirá frutos para o mundo. Não é possível ser
cristão pela metade. Há muitos que dizem: “Sou católico, mas não aceito algumas
coisas”. Pode não aceitar o que são invenções humanas, o que é da fé é
impossível não aceitar. Ninguém vive pela metade. Se vivermos em Cristo, vivamos
integralmente. Não existe uma claridade que seja pela metade, que seja trevas e
luz. Recebemos
a luz da fé e começamos a ver com os olhos de Deus. Como o cego que lavou os
olhos na fonte chamada Siloé, que quer dizer “Enviado”, nós também recebemos a
luz de Jesus, principalmente quando O acolhemos em nossa vida. Lavamos os olhos
e passamos a ver com a luz da fé. A fé é ver todas as coisas com os
olhos de Deus, isto é, em sua luz. Somente quando deixamos que o Enviado de
Deus (Jesus) lave nossos olhos, é que passamos a viver da fé e caminhar na
luz.
2031.
A lâmpada é para iluminar
A fé é a abertura dos olhos para ver e crer. Crer é a iluminação. A
vida cristã que se move pela fé, tem uma visão completa das realidades humanas
e espirituais. Sem ela, corre-se o risco de tapear a si mesmo com uma tintura
de piedade, e não ver Deus agindo nas realidades. Viver com os olhos iluminados
é construir a vida a partir da fé na opção pelo evangelho. O Batismo realiza em
nós esse toque que nos ilumina. Paulo nos ensina: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no
Senhor. Vivei como filhos da luz. O fruto da luz chama-se: bondade, justiça,
verdade. Discerni o que agrada ao Senhor. Não vos associeis às obras das
trevas; antes, desmascarai-as” (Ef 5,8-14). Esperamos que a Igreja possa
deixar-se iluminar mais e mais pela Ressurreição e sair dos muitos túmulos em
que se encontra por conta dos pecados. É preciso um processo de ressurreição.
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