PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA-REDENTORISTA 50 ANOS CONSAGRADO |
Deus se manifesta aos povos.
Celebramos
a Epifania, isto é, a Manifestação do Senhor. Deus se comunicou enviando a nós Seu
Filho. Não foi só uma conversa. A Humanidade recebeu um grande dom: participar
da Natureza Divina, como o Filho de Deus participa da Humanidade. Esta festa é
celebrada em quatro momentos: Natal, Magos (Epifania), Batismo de Jesus e bodas
de Caná. Na celebração de hoje lembramos a revelação do segredo: “Todos os
povos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo” (Ef 3,2-6). O Evangelho é para todos, não é exclusivo de um
povo nem de uma cultura. O profeta Isaias anunciou um futuro grandioso para
Jerusalém. Ela é um símbolo do Reino para o qual os povos se encaminham (Is 60,
1-6). A vinda dos Magos a Belém é o cumprimento
da abertura do Evangelho a todos. Rezamos: “Vós enviastes vosso Filho como luz
para iluminar todos os povos no caminho da Salvação” (Prefácio). Fomos recriados na luz eterna de Sua Divindade.
Esta festa tem muitos símbolos: Os Magos seguem a estrela. Jesus é a estrela de
Belém. Os Magos são um símbolo que manifesta o acolhimento de Jesus pelos
povos. A fé deverá chegar a todos por mais diferentes que sejam. Encontramos
aqui uma orientação: Respeito à diferença dos povos em suas culturas. Acolher
as culturas e não fazer um cristianismo ligado a uma cultura especial. A
evangelização deverá ir também ao encontro dos que se afastaram por ideologias
ou por modelos de Igreja que se distanciam do Reino. Mas é preciso usar a
simplicidade da Encarnação. Suas ofertas simbolizam o reconhecimento de Cristo
como Deus (incenso), como Senhor (ouro) e como Homem das dores (mirra).
Um pecado que se repete
A
história tem muito a ensinar. Se a Igreja se fechar e não partir para a missão
universal, prejudicará a si e à evangelização. Pior é o desconhecimento das
culturas e a imposição de modelos estrangeiros como único meio de transmissão
da fé. O modo de ser Igreja não é único, pois o Reino de Deus não se identifica
com uma cultura particular. Jesus nasceu no povo judeu. Nós, mesmo tendo muitos
elementos judaicos, não vivemos um cristianismo como o Antigo Testamento. Vivemos
um modo de viver a fé formado na cultura romana. O que nos une é a fé e não as
formas exteriores. É preciso não identificar o Reino com ideologias políticas,
econômicas e sociais. Encontramos também a rejeição da Palavra de Deus encarnada
e anunciada. É um desafio para a evangelização. Herodes continua vivo a perseguir
o Menino e matar os inocentes.
Coração de Rei Mago
A
festa da Epifania nos ensina como iluminar todos os povos. Os Magos buscavam a
Verdade, simbolizada pela estrela que os orientou até Cristo. Para buscar Jesus, é preciso saber ler os
sinais. Quem é fiel à própria consciência e procura Deus, encontra Jesus. Os
Magos sentiram a alegria da fé e abriram seus tesouros, isto é, puseram sua
vida a serviço dos irmãos. Contudo, souberam agir a prudência da serpente que
não se deixa envolver. Eles voltaram por outro caminho, isto é, souberam fazer
um caminho novo que é o caminho do Evangelho. Para os que conhecem a Palavra de
Deus e não praticam são como os doutores que sabiam onde ia nascer Jesus e não
foram até lá. Povos novos estão encontrando Jesus enquanto os filhos mais
velhos estão se afastando. Ele nasceu para todos. A festa de hoje abre nosso
coração para a coerência da fé numa evangelização consistente. Procuremos por
todos os meios buscar o Menino e anunciá-Lo.
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