sexta-feira, 27 de abril de 2018

Santa Zita, Virgem – 27 de abril

Há 740 anos falecia esta Santa que é um exemplo para as empregadas domésticas
     Em nossos infelizes dias, tão trabalhados pela corrupção dos costumes e pela decadência moral, e sobretudo pela luta de classes, muitos empregados pensam mais nos seus direitos, devidos ou indevidos, e em fazer ações trabalhistas contra os patrões por qualquer motivo, do que em se esmerar em seu trabalho. Assim, o exemplo dessa empregada doméstica dedicada ao seu trabalho e aos seus patrões, sendo por eles estimada, representa uma lufada de ar fresco que nos conforta a alma.
     Quando esta humilde empregada doméstica expirou no nobre palácio dos Fatinelli, era tão querida, que toda a aristocrática família estava junto ao seu leito, para onde depois acorreu também toda a cidade de Luca em torno de seu caixão.
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     Foi numa humilde família de camponeses que nasceu Zita no ano de 1218, na vila de Monsagrati, próxima a Lucca, na Toscana, Itália. A sua irmã mais velha entrou para um convento de Cister e seu tio foi eremita e morreu com fama de santidade. Destituída de qualquer especial instrução, desde criança tinha escolhido para si uma regra de comportamento religioso, perguntando-se: “Isto agrada ao Senhor? Isto desagrada a Jesus?”. Essa era a sua norma de conduta diante de todos os sucessos que lhe aconteciam.
     Quando era adolescente, os pais lhe entregavam um cesto de verduras ou frutas, para ela vender nas ruas da cidade. O seu aspecto recolhido, seu ar de modéstia e de pureza, toda sua pessoa, enfim, chamaram a atenção de um dos mais ricos e nobres cidadãos de Lucca, o Senhor de Fatinelli, que a pediu a seus pais como empregada.
     Zita tinha então 18 anos, e era a primeira vez que deixava seu humilde lar, ainda mais para viver num palácio, entre a imensa criadagem da casa. Isso poderia ter certa sedução, e também apresentava alguns perigos, principalmente no convício com os outros empregados menos virtuosos que ela.
     Entretanto, a casa dos Fatinelli, como não era raro na época, era governada com princípios de severa moralidade. E os criados sabiam manter essa linha. Por isso Zita, mesmo entre os Fatinelli, continuaria a mesma linha de proceder, interrogando-se “Isto agrada ao Senhor?”.
     Entretanto, por sua bondade e esforço era frequentemente hostilizada e até maltratada pelo resto da criadagem, mas nunca se deixou abater nem permitiu que isso alterasse sua calma interior. Aos poucos foi sendo aceita por todos e chegou a ser responsável por toda a administração da casa.
     Ela obteve licença da patroa para diariamente à Missa numa igreja vizinha, enquanto o resto da criadagem dormia. E, de regresso a casa, agradava ao Senhor que ela se entregasse com toda dedicação e seriedade aos afazeres domésticos que lhe eram destinados.
     Ocorreu então que um dia Zita demorou-se mais em oração na igreja. Quando deu conta de si, o sol já tinha aparecido. Temerosa, porque passara o tempo de fazer o pão diário, correu para o palácio. Mas encontrou o pão, que ela deveria ter preparado, dourado e bem cheiroso em cima da toalha da mesa da cozinha. “Alguém”, que não era nenhuma de suas companheiras, era o responsável por aquele milagre.
     Todas as sextas-feiras da semana os pobres da cidade se atropelavam à porta do palácio. Como Zita, era a criada de mais confiança, tinha a missão de distribuir as esmolas reservadas pelos patrões. Mas desejava acrescentar algo de seu. Assim, jejuava ou limitava-se no comer para conseguir pôr de sua parte mais comida para os pobres. A eles dava também alguma roupa sua. Isso depressa chegou aos ouvidos do Senhor de Fatinelli, que Zita dava mais do que ele tinha estipulado. E um dia em que ele encontrou Zita trazendo no avental o supérfluo que havia economizado, perguntou-lhe severamente o que levava. “Flores e folhas”, respondeu a empregada. E abrindo o avental ocorreu o que já ocorrera com outras santas: flores e folhas caíram ao solo, testemunhando ao patrão a virtude da serva.
     Desse modo Zita tornou-se, na casa dos Fatinelli, a empregada santa, que os patrões queriam como se fosse membro da família. Disso ela não se prevalecia, conservando-se humilde e sempre pontual e obediente, como se servisse ao próprio Nosso Senhor.
     Zita nunca foi incômoda aos patrões, nem mesmo na última doença, que durou apenas cinco dias, quando expirou aos 60 anos, no ano de 1278, no seu pobre quarto. Toda a família Fatinelli estava ajoelhada em redor de seu leito. Pouco depois, toda Lucca também se ajoelhava em torno de seu caixão.
     Depois de sua morte, numerosos milagres foram atribuídos à sua intercessão, de modo que ela era venerada como santa na cidade de Lucca. Os poetas Fazio degli Uberti (Dittamonde, III, 6) e Dante (Inferno, XI, 38), ambos designam a cidade de Lucca simplesmente como "Santa Zita". O Ofício em sua honra foi aprovado por Leão X.
      Em 1580 seu túmulo foi descoberto na Igreja de São Frediano e verificou-se que seu corpo se encontrava incorrupto, mas foi-se mumificando desde então. Assim, foi sugerida a solene aprovação de seu culto, que foi concedida por Inocêncio XII em 1696, após o reconhecimento de 150 milagres atribuídos à sua intercessão.
     A mais antiga biografia da santa é preservada em um manuscrito anônimo pertencente à família Fatinelli, que foi publicado em Ferrara, em 1688, por Monsenhor Fatinelli, "Vita beata Zita virginis Lucensis ex vetustissimo codice manuscripto fideliter transumpta". Para a sua obra mais completa, "Vita e miracoli de S. Zita vergine lucchese" (Lucca, 1752), Bartolomeo Fiorito usou este e outros documentos, especialmente aqueles retirados do processo elaborado para provar o culto imemorial.
     Atualmente seu corpo mumificado, deitado em uma cama de brocado, está em exposição em um relicário de vidro para veneração pública na Basílica de São Frediano, em Lucca, Itália.
     Pio XII proclamou-a padroeira das empregadas domésticas do mundo inteiro.


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