sábado, 28 de abril de 2018

REFLETINDO A PALAVRA - “Alegria do Evangelho”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA-50 ANOS CONSAGRADO
1372. Alegrias da salvação
            No Tempo do Natal fizemos a bela experiência da alegria. Essa palavra e os sentimentos que provoca voltam diversas vezes nas narrativas: Vimos os Anjos dizerem aos pastores: “Eis que vos anuncio uma grande alegria que será para todo o povo” (Lc 2,10). Simeão e Ana louvam a Deus por terem visto o Menino. Esta visita de Deus a Seu povo é sentida como a manifestação de Sua misericórdia que quer se comunicar. Tantos séculos de espera, agora acontece aquilo Deus prometera. Disse Jesus aos judeus: “Abraão... vosso pai, exultou por ver o meu dia. Ele o viu e encheu-se de alegria” (Jo 8,56). Papa Francisco, em sua exortação “Alegria do Evangelho – Evangelii Gaudium” nos diz que “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”. Jesus inicia Seu ministério apostólico cumprindo uma profecia de restauração para os que viviam sem esperança: “O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz. Aos que jaziam na região sombria da morte surgiu uma luz” (Mt 4,16). A luz que é um sinal da alegria; é a chegada do Reino de Deus na pessoa de Jesus: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (17). Sua pregação era acompanhada dos sinais de renovação e vida. De toda a região vinham para serem curados. A cura exterior é sinal da cura interior que culmina na alegria dos discípulos ao se encontraram com o Ressuscitado (Lc 24,41). Quando falamos de Salvação não pensamos essa verdade para o fim da vida ou fim dos tempos. Estamos falando dela hoje. Por isso conhecer e viver a presença do Deus que nos salva em Seu Filho, dá-nos profunda alegria. Se a celebração não nos encantar e alegrar, estamos ainda longe do Reino de Deus. Na parábola do filho perdido, seu retorno causa profunda alegria a todos.
1373. Estrutura da alegria
            Alegria não é um sentimento exterior passageiro, mas o resultado de um encontro com a fonte da alegria, como ouvimos na parábola do servo fiel: “Entra para a alegria do teu Senhor”! (Mt 25,21). Em Deus é a fonte de todas as virtudes. A alegria é o componente do banquete celeste do Reino. O Papa Francisco diz-nos que o fechamento não favorece o acolhimento dessa alegria porque o egoísmo e os males que o seguem impedem a realização do encontro com Aquele que nos pode dar a alegria da salvação. Basta um pequeno gesto de abertura e Ele já toma posse de nosso interior. O Papa Francisco, citando o Papa Paulo VI, diz que ninguém está excluído da alegria trazida pelo Senhor. Não impõe nem pressiona, mas deixa na liberdade de escolha para a própria felicidade. Fora dele toda a alegria é insuficiente. A alegria cristã está unidade à alegria do Cristo que exultava diante de Deus porque os pequeninos acolhiam o evangelho (Mt 11,25).
1374. Alegria como vida
            O testemunho de alegria pelos mistérios da Salvação é componente necessário para a pastoral e a vida das comunidades. Não anunciamos um Deus sofredor, mas o Cristo que inundou o mundo com a luz da alegria ao ressuscitar. A seriedade diante do Sagrado e do ministério não se identifica com mau humor, fechamento, nem grosseria. O Sacramento da Penitência que é a comunicação da misericórdia, tornou-se um instrumento de tortura tanto para o confessor, como para o penitente. A conversão não pode ser vista só como deixar o caminho do mal, mas caminhar para levar a vida na alegria. Quem vem a nossas celebrações e reuniões sempre saia mais alegre, pois a experiência de Deus é o encontro com um Amor que gera alegria que nada pode tirar (Lc 16,22).

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