Diante do presépio
estamos contemplando o maior acontecimento de todos os tempos. Para muitos não
passa de uma imagem, de um folclore cristão, de uma lenda. Os que foram capazes
de compreender e abriram a inteligência, viram o rosto Deus na simplicidade
daquela criança. Não fomos nós que O fizemos a nossa imagem, mas Ele que
escolheu nossa humanidade para se tornar acessível. Não somente tomou um corpo,
mas assumiu nossa humanidade fazendo-a sua. Deus faz parte de nossa história e
a une a sua vida para que tenhamos vida plena. Em Jesus, Homem Deus, a
humanidade tem sua significação total. Não somos meros fatos. Recebemos o
sentido para tudo o que existe em nós. A simplicidade do momento vai além. O
texto de Lucas é singelo e diz tudo. Não é um fato fora da história, pois
aconteceu um dia, no Império Romano, numa região distante do centro do mundo.
Foi profetizado e aconteceu. No recenseamento, José e Maria foram registrar-se em
Belém que era sua região de origem. “Completaram-se os dias para o parto. E Maria
deu à luz seu filho primogênito, envolveu-O em faixas e O reclinou numa
manjedoura, porque não havia um lugar para eles na sala da hospedagem” (Lc
2,6-7).
As palavras simples revelam a densidade do mistério. São palavras que falam
primeiro ao coração. Não se trata de pauperismo social, mas da condição de todo
o ser humano sempre completo. Sua grandeza se percebe mais na simplicidade,
pois, para o amor tudo é grande. Cocho de palha ou berço de ouro não tem
diferença quando é para amar. O brilho está por dentro. Nesta simplicidade
acolheu os pastores e os Magos.
Uma vida e um caminho
Jesus não é só
um acontecimento ou uma data de calendário. Ele é Vida, pois é a fonte da Vida.
Por ser um com o Pai, mesmo sendo também homem, comunica Vida. A revelação que
Jesus faz da vontade do Pai é abrir à comunhão de Vida. Ele veio para
estabelecer essa comunhão com o Pai. O ser humano, homem e mulher, são muito
maiores que um tempo de vida e um corpo que termina. Somos mais. Já os poetas
gregos, citados por Paulo, dizem que somos da natureza Divina: “Nós somos
também de sua raça” (At. 17,28). S. Pedro diz
palavras profundíssimas: “Por elas (glória e virtude) nos foram dadas as
preciosas promessas a fim de que assim vos tornásseis participantes na natureza
Divina” (2Pd 1,4). Recebemos a comunicação da
natureza Divina, plenitude da vida que pertence a Deus. Esse dom é para nós um
compromisso de fazer um caminho no qual a vida Divina e humana que possuímos
sejam nossa vida.
Viver a Encarnação
O
nascimento de Jesus não é só uma questão de um fato da vida Dele. Mas faz parte
de nossa vida. Uma vez que vivemos na comunhão com Deus pela própria natureza
humana que Jesus possui, é natural viver como Jesus viveu. Por que viver só a
condição humana, quando a que permanece é a divina que glorifica a humana?
Viver a comunhão com Deus é o natural da vida. Mesmo que não nos interessemos,
a comunhão está em nós. Viver o Natal é viver como Jesus viveu. Ele foi
totalmente humano, como nós, nem por isso deixou de lado sua Divindade. Mostrou
que Deus não atrapalha a vida humana. Aliás, se assumíssemos o caminho que
Jesus nos mostrou, o mundo estaria diferente. Por que não fazer a experiência. Aos
que creem em Jesus como religião S. João diz: “Aquele que diz que está Nele,
também deve andar como Ele andou” (1João 2,6). A celebração
do Natal deve nos encantar, pois se manifestou a glória de Deus. Feliz Natal
com Jesus.
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