sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “A Ressurreição que dá Vida”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1247. Jesus ressuscita o ser humano
            Celebrar a Morte de Jesus é fácil, pois entendemos de sofrimento e de morte. Muita gente gosta de participar da procissão do Senhor Morto. Certamente sabemos que o povo, mais dado à piedade, fixa-se mais nos elementos dolorosos. A Ressurreição é mais difícil de explicar, pois não temos a experiência. Contudo, ela é fundamental para a vida cristã. Sua morte perderia o sentido se Ele não ressuscitasse. Paulo escreve: “Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vã seria vossa fé” (1Cor 15,14). Tudo na vida de fé só tem sentido em relação a Cristo ressuscitado. Jesus, com sua Ressurreição, ressuscita o ser humano em todas as suas dimensões. Pelo fato de Jesus ser Homem-Deus, restaura a condição humana e a eleva à participação da natureza Divina (2Pd 1,4). Não elimina nossa condição humana, mas a dignifica. Não nos tira da condição de fragilidade e da possibilidade de recusar. Temos ainda em nós as concupiscências, isto é, as tendências ao mal. Por isso ela é força contra todo o mal quando nossa opção é pela Vida. Restaura nossa inteligência para entender as coisas de Deus e do Bem. Renova nossa a vontade dando-nos capacidade de escolher o bem quando podemos escolher o mal. Restaura nossa fragilidade humana, colocando-a a serviço das pessoas. Se nosso corpo se destrói, tem dentro de si a semente da vida eterna que o restaura na condição de ressuscitado. Seremos transformados. Restaura a condição afetiva dando-lhe capacidade de amar até os inimigos e transformar o egoísmo em serviço. A própria morte de Jesus foi um serviço como explicara no Lava-pés. “Deveis lavar-vos os pés uns dos outros... Nisto reconhecerão que sois meus discípulos, se amardes uns dos outros” (Jo 13,14-15.35). Essa Ressurreição faz a Eucaristia. Ela se torna presença para a comunhão com Deus e com os irmãos na partilha de vida e de bens.
1248. Jesus ressuscita sua Igreja
            A Igreja está sempre em reforma. As crises são sua natureza permanente, pois cresce sempre e precisa se ajustar ao momento, sem trair sua verdade. Jesus a liberta de estruturas que, às vezes, estão unidas a ideologias e as políticas mais que ao evangelho. Não se trata só de políticas de esquerda, como também de direita. Ela é política porque é a favor do ser humano e do mundo. Esta ressurreição é estar em banho permanente nas águas que correram de Seu coração aberto pela lança. Ressuscitar é ser sempre peregrina, em êxodo para a terra prometida que é o Reino. É desfazer-se das prisões do mal que arrasta ao distanciamento de Deus, do Evangelho e do serviço aos necessitados espirituais e corporais. Páscoa é um novo nascimento, por isso renovamos as promessas do Batismo.
1249. Jesus ressuscita a Natureza
            Falar de ecologia não é só tratar de problemas. Na Encarnação o Verbo Eterno tomou a natureza humana que faz parte da natureza com a qual vive e da qual tira sua vida. A natureza é pródiga de vida dando sua contribuição para a vida das pessoas e para o louvor de Deus. Cristo viveu a natureza, pois seus ensinamentos colhem a verdade das flores e dos frutos, dos campos maduros para a colheita, das sementes. Ressuscitar a natureza é viver com ela no mútuo serviço de vida. Jesus dá o sentido futuro desta natureza, pois em seu corpo carnal mostrou o fruto da Ressurreição de todo o universo em seu corpo ressuscitado. Paulo diz que “a criação anseia pela revelação dos filhos de Deus... espera ser liberta da escravidão da corrupção para entrar na liberdade da glória dos Filhos de Deus” (Rm 8,19-21). Quanto mais formos livres do pecado, tanto mais a natureza sentirá sua liberdade. Páscoa não é um dia, é uma vida que se renova continuamente.

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