Celebrar
a Morte de Jesus é fácil, pois entendemos de sofrimento e de morte. Muita gente
gosta de participar da procissão do Senhor Morto. Certamente sabemos que o povo,
mais dado à piedade, fixa-se mais nos elementos dolorosos. A Ressurreição é
mais difícil de explicar, pois não temos a experiência. Contudo, ela é fundamental
para a vida cristã. Sua morte perderia o sentido se Ele não ressuscitasse.
Paulo escreve: “Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vã seria
vossa fé” (1Cor 15,14). Tudo na vida de fé só tem sentido em relação a Cristo ressuscitado. Jesus,
com sua Ressurreição, ressuscita o ser humano em todas as suas dimensões. Pelo
fato de Jesus ser Homem-Deus, restaura a condição humana e a eleva à participação
da natureza Divina (2Pd 1,4).
Não elimina nossa condição humana, mas a dignifica. Não nos tira da condição de
fragilidade e da possibilidade de recusar. Temos ainda em nós as
concupiscências, isto é, as tendências ao mal. Por isso ela é força contra todo
o mal quando nossa opção é pela Vida. Restaura nossa inteligência para entender
as coisas de Deus e do Bem. Renova nossa a vontade dando-nos capacidade de
escolher o bem quando podemos escolher o mal. Restaura nossa fragilidade
humana, colocando-a a serviço das pessoas. Se nosso corpo se destrói, tem
dentro de si a semente da vida eterna que o restaura na condição de
ressuscitado. Seremos transformados. Restaura a condição afetiva dando-lhe capacidade
de amar até os inimigos e transformar o egoísmo em serviço. A própria morte de
Jesus foi um serviço como explicara no Lava-pés. “Deveis lavar-vos os pés uns
dos outros... Nisto reconhecerão que sois meus discípulos, se amardes uns dos
outros” (Jo 13,14-15.35). Essa Ressurreição faz a Eucaristia. Ela se torna presença para a
comunhão com Deus e com os irmãos na partilha de vida e de bens.
1248. Jesus ressuscita sua Igreja
A
Igreja está sempre em reforma. As crises são sua natureza permanente, pois
cresce sempre e precisa se ajustar ao momento, sem trair sua verdade. Jesus a
liberta de estruturas que, às vezes, estão unidas a ideologias e as políticas
mais que ao evangelho. Não se trata só de políticas de esquerda, como também de
direita. Ela é política porque é a favor do ser humano e do mundo. Esta
ressurreição é estar em banho permanente nas águas que correram de Seu coração
aberto pela lança. Ressuscitar é ser sempre peregrina, em êxodo para a terra
prometida que é o Reino. É desfazer-se das prisões do mal que arrasta ao
distanciamento de Deus, do Evangelho e do serviço aos necessitados espirituais
e corporais. Páscoa é um novo nascimento, por isso renovamos as promessas do
Batismo.
1249. Jesus ressuscita a Natureza
Falar
de ecologia não é só tratar de problemas. Na Encarnação o Verbo Eterno tomou a
natureza humana que faz parte da natureza com a qual vive e da qual tira sua
vida. A natureza é pródiga de vida dando sua contribuição para a vida das
pessoas e para o louvor de Deus. Cristo viveu a natureza, pois seus
ensinamentos colhem a verdade das flores e dos frutos, dos campos maduros para
a colheita, das sementes. Ressuscitar a natureza é viver com ela no mútuo
serviço de vida. Jesus dá o sentido futuro desta natureza, pois em seu corpo
carnal mostrou o fruto da Ressurreição de todo o universo em seu corpo
ressuscitado. Paulo diz que “a criação anseia pela revelação dos filhos de
Deus... espera ser liberta da escravidão da corrupção para entrar na liberdade
da glória dos Filhos de Deus” (Rm 8,19-21). Quanto mais formos livres do pecado, tanto mais a natureza sentirá sua
liberdade. Páscoa não é um dia, é uma vida que se renova continuamente.
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