sábado, 23 de dezembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Recebei o Espírito Santo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
O Ressuscitado é o Senhor.
               Os 50 dias do Tempo Pascal são um grande domingo, como diz S. Atanásio. Páscoa é uma festa na qual refletimos e vivemos a Paixão e a Glória de Jesus. Viver significa celebrar e deixar atuar a força salvadora de Jesus em nós. O Ressuscitado não é um santo a mais. É o Senhor glorioso. O Ressuscitado é o mesmo que foi crucificado, pois traz as marcas dos cravos e o buraco que fez a lança em seu peito. Essa foi a prova que Tomé pediu: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos e não puser o meu dedo na marca dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei” (Jo 20,25). O fato da Ressurreição não é só um fato histórico, mas é um acontecimento de fé. Não basta ver, é preciso crer. Os que viram dão testemunho do fato. Os que não puderam ver, crêem, e por isso se salvam. João encerra Seu evangelho com esta declaração: “Estes fatos foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, para que crendo, tenhais a Vida em seu nome” (Jo 20.31).  Jesus, naquela noite deu o Espírito Santo aos apóstolos para o perdão dos pecados. Estes pecados não são só os individuais, secretos, mas são todas as forças do mal presentes no mundo. Ele morreu e ressuscitou para todo o Universo de todos os tempos e não só para um grupinho de seguidores. Com a Ressurreição iniciou-se a reconciliação universal já presente no Cristo Homem-Deus. Na Cruz Jesus realiza a reconciliação morrendo por todos. E Ele é o Senhor. “Ele é a pedra que os construtores rejeitaram e  que se tornou pedra angular” (Sl 117,22). Jesus é o Senhor, não por opção das pessoas, mas porque todos foram escolhidos por Ele... e destinados a ser filhos adotivos por Jesus Cristo (Ef 4,4). Deus O constituiu Senhor e Cristo, diz Pedro no dia de Pentecostes (At 2,36). Na força do Ressuscitado e conduzidos pelo Espírito, os apóstolos deram um forte testemunho que suscitou a fé. A mesma força de cura que estava em Jesus agiu nos apóstolos. O Espírito desperta em nós a fé, como despertou nos discípulos.
Sacramentos pascais.
               A Páscoa não é uma mera lembrança de um fato passado, mas proclamação de uma presença de Cristo que continua agindo no meio de Seu povo. Cristo ressuscitado continua agindo na Igreja e nos sacramentos que proclamam Sua presença e agem em nós para a salvação. Na Páscoa celebramos solenemente o Batismo, a Crisma que é a unção do Espírito e a Eucaristia. O Espírito permanece na Igreja para a realização dos sacramentos. Como na Encarnação deu vida humana ao Filho de Deus no seio de Maria, agora, no seio da comunidade, dá vida divina aos que recebem os sacramentos. Por isso a Páscoa é um grande hino: Dai graças ao Senhor porque Ele é bom, eterna é sua misericórdia.
Comunidade de vida
               Não podemos nos sentir menores que os Apóstolos que viram o Ressuscitado, pois diz Jesus: “Felizes os que creram ser ter visto” (Jo 20,29). Desde os primeiros momentos, a primeira percepção sobre os que creram é a união: “Todos os fiéis se reuniam, com muita união” (At 5,12). Os Apóstolos continuavam a missão de Jesus com Seu vigor de cura e transformação. A nós que cremos, somos chamados a nos renovar pela profissão de fé e pelo Batismo (Oferendas) que nos unem num só corpo, e conservar em nossa vida o sacramento pascal que recebemos (pós-comunhão). A Páscoa é uma vida, um novo modo de viver  e não uma celebração que passa. 

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