Evangelho
segundo S. Lucas 2,36-40.
Quando os pais de Jesus levaram o Menino a Jerusalém, a
fim de O apresentarem ao Senhor, estava no templo uma profetiza, Ana, filha de
Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada e tinha vivido casada sete anos após o tempo de donzela e viúva até aos oitenta
e quatro. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia, com jejuns e
orações. Estando presente na mesma ocasião, começou também a louvar a Deus e a falar
acerca do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. Cumpridas todas as prescrições da Lei do Senhor, voltaram para a Galileia, para
a sua cidade de Nazaré. Entretanto, o Menino crescia e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E
a graça de Deus estava com Ele.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Pedro Crisólogo (c. 406-450),
bispo de Ravena, doutor da Igreja
Sermão 147, sobre o mistério da Encarnação
Finalmente, Ana vê a Deus
no seu Templo
Como pode o homem, com o seu olhar tão
limitado, abranger o Deus que o mundo não consegue abarcar? O amor não se
incomoda em saber se uma coisa é adequada, conveniente ou possível. O amor
[...] ignora a medida. Não se consola com o pretexto de que é impossível; a
dificuldade não o detém [...]. O amor não consegue deixar de ver quem ama.
[...] Como pode alguém acreditar que é amado por Deus sem O contemplar? Assim,
o amor que deseja ver Deus, mesmo que não seja racional, é inspirado pela
intuição do coração. Foi por isso que Moisés ousou dizer: «Se alcancei graça
aos teus olhos, revela-me as tuas intenções» (Ex 33,13s), e o salmista:
«Mostra-nos o teu rosto» (79,4). [...] Por conseguinte, conhecendo o desejo que os homens têm de O ver, Deus escolheu,
para Se tornar visível, um meio que beneficiasse todos os habitantes da Terra,
sem com isso prejudicar o Céu. Pode a criatura que Deus fez semelhante a Si
neste mundo ser considerada pouco digna no Céu? «Façamos o ser humano à nossa
imagem, à nossa semelhança», disse Deus (Gn 1,26). [...] Se Deus tivesse
adotado a forma de um anjo, ter-Se-ia mantido invisível; se, em contrapartida,
tivesse encarnado numa natureza inferior à do homem, teria ofendido a divindade
e teria rebaixado o homem, em vez de o elevar. Portanto, que ninguém, irmãos
muito amados, considere uma ofensa a Deus o facto de Ele ter vindo aos homens
como homem, e de ter encontrado este meio para ser visto por nós.
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