As
leituras de hoje continuam a proposta de conversão que encontramos no 4º
Domingo da Quaresma. Jesus dá-nos um exemplo como acolher os pecadores e
conduzi-los à conversão. O coração de Jesus é o mesmo coração bondoso do pai
que acolhe o filho perdido, como lemos na parábola do Pai bondoso. O evangelho
apresenta uma cena dramática: uma mulher foi pega em adultério e deveria ser
morta a pedradas. Os fariseus e anciãos levaram-na a Jesus para prová-lo. Se
Ele não a condenasse, estaria contra a lei. Se a condenasse, não era tão
misericordioso como dizia. Jesus escreve com o dedo no chão, como desconhecendo
o que estavam dizendo. Ao ser interpelado de novo, diz: “Quem, dentre vós, não
tem pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8,7). Deixou que cada um se julgasse a si mesmo. Ele mesmo
dissera: “Eu não julgo ninguém... não vim para julgar, mas para salvar” (Jo 8,12.47). E diz
que é o juiz: “A palavra que proferi é que o julgará no último dia” (Jo,12,49). Este
episódio pode nos orientar também a uma atualização. Estamos vivendo dias em
que a Igreja é acusada de tantos males. Ela é a pecadora que os fariseus do
mundo atual querem condenar e emporcalhar de acusações. Na realidade estão
escondendo os próprios erros para arranjar um bode expiatório. Certo que
devemos nos converter e a nós se dirige a palavra de Jesus: “Eu também não te
condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (11). Jesus não
compactua com o erro, mas nos convida à constante conversão. Esta renovará
todas as coisas em nossa vida.
Conhecer Jesus
Se
tivermos que ter um coração como o de Jesus, tendo seus mesmos sentimentos como
nos ensina Paulo na carta aos Filipenses (Fl 2,5), é preciso conhecê-Lo e por Ele
deixar tudo. Não deixamos tudo para
tê-Lo, mas largamos tudo por encontrá-Lo. Por isso consideramos tudo lixo. A fé
em Cristo é um conhecimento de comunhão de vida, uma experiência da força de Sua
Ressurreição pela experiência de Sua Morte. Por isso é importante o tempo de
Quaresma e Páscoa porque, sacramentalmente nos faz participar de seu mistério
de Morte e Vida. Ele no une em comunhão com Ele. Alcançamos Cristo, pois fomos
alcançados por Ele. Nosso modo de agir passa a ser o Seu. Não há participação
em Cristo com meias medidas. Ou tudo ou nada, mesmo na fragilidade. Quando é
que nos vamos libertar deste cristianismo de fachada, baseado em devoções que
não comprometem nossa vida? Isso significa que não se deixou conquistar por
Cristo. Fé vazia não apruma.
Envelhecer no pecado
Ouvimos
no evangelho que, depois que Jesus disse: “Quem não tem pecado, atire a
primeira pedra, foram saindo um a um a partir dos mais velhos” (Jo 8,9). Este fato
lembra-nos a história de Suzana que foi vítima de dois velhos pervertidos (Dn 13,1ss). O pecado
não pode lançar raízes e nós, pois se torna difícil a conversão. A formação
espiritual deve conduzir as pessoas desde pequenas para aprender a converter-se
e fortalecer o coração para o combate que sempre se torna mais forte. A luta
fortalece contra o mal. A maldade dos fariseus se mostra em achar os males dos
outros e não os próprios. A grande proposta da Palavra de Deus é esta: “Eis que
faço novas todas as coisas (Is 43,19). No momento atual é necessário acreditar e promover
um caminho sempre novo o amor e da bondade de Deus. Nós nos reunimos para
acolher e promover e tornar presente a bondade de Jesus.
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