quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Faço novas todas as coisas”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Com o coração de Jesus
               As leituras de hoje continuam a proposta de conversão que encontramos no 4º Domingo da Quaresma. Jesus dá-nos um exemplo como acolher os pecadores e conduzi-los à conversão. O coração de Jesus é o mesmo coração bondoso do pai que acolhe o filho perdido, como lemos na parábola do Pai bondoso. O evangelho apresenta uma cena dramática: uma mulher foi pega em adultério e deveria ser morta a pedradas. Os fariseus e anciãos levaram-na a Jesus para prová-lo. Se Ele não a condenasse, estaria contra a lei. Se a condenasse, não era tão misericordioso como dizia. Jesus escreve com o dedo no chão, como desconhecendo o que estavam dizendo. Ao ser interpelado de novo, diz: “Quem, dentre vós, não tem pecado, atire a primeira pedra” (Jo 8,7). Deixou que cada um se julgasse a si mesmo. Ele mesmo dissera: “Eu não julgo ninguém... não vim para julgar, mas para salvar” (Jo 8,12.47). E diz que é o juiz: “A palavra que proferi é que o julgará no último dia” (Jo,12,49). Este episódio pode nos orientar também a uma atualização. Estamos vivendo dias em que a Igreja é acusada de tantos males. Ela é a pecadora que os fariseus do mundo atual querem condenar e emporcalhar de acusações. Na realidade estão escondendo os próprios erros para arranjar um bode expiatório. Certo que devemos nos converter e a nós se dirige a palavra de Jesus: “Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (11). Jesus não compactua com o erro, mas nos convida à constante conversão. Esta renovará todas as coisas em nossa vida.
 Conhecer Jesus
               Se tivermos que ter um coração como o de Jesus, tendo seus mesmos sentimentos como nos ensina Paulo na carta aos Filipenses (Fl 2,5), é preciso conhecê-Lo e por Ele deixar tudo.  Não deixamos tudo para tê-Lo, mas largamos tudo por encontrá-Lo. Por isso consideramos tudo lixo. A fé em Cristo é um conhecimento de comunhão de vida, uma experiência da força de Sua Ressurreição pela experiência de Sua Morte. Por isso é importante o tempo de Quaresma e Páscoa porque, sacramentalmente nos faz participar de seu mistério de Morte e Vida. Ele no une em comunhão com Ele. Alcançamos Cristo, pois fomos alcançados por Ele. Nosso modo de agir passa a ser o Seu. Não há participação em Cristo com meias medidas. Ou tudo ou nada, mesmo na fragilidade. Quando é que nos vamos libertar deste cristianismo de fachada, baseado em devoções que não comprometem nossa vida? Isso significa que não se deixou conquistar por Cristo. Fé vazia não apruma.
Envelhecer no pecado
               Ouvimos no evangelho que, depois que Jesus disse: “Quem não tem pecado, atire a primeira pedra, foram saindo um a um a partir dos mais velhos” (Jo 8,9). Este fato lembra-nos a história de Suzana que foi vítima de dois velhos pervertidos (Dn 13,1ss). O pecado não pode lançar raízes e nós, pois se torna difícil a conversão. A formação espiritual deve conduzir as pessoas desde pequenas para aprender a converter-se e fortalecer o coração para o combate que sempre se torna mais forte. A luta fortalece contra o mal. A maldade dos fariseus se mostra em achar os males dos outros e não os próprios. A grande proposta da Palavra de Deus é esta: “Eis que faço novas todas as coisas (Is 43,19). No momento atual é necessário acreditar e promover um caminho sempre novo o amor e da bondade de Deus. Nós nos reunimos para acolher e promover e tornar presente a bondade de Jesus. 

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