quinta-feira, 28 de dezembro de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Fé fundada no Amor”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
Duas cenas se completam: Os discípulos trabalham a noite toda e não conseguem pescar nada. Diante da palavra de Jesus, fazem uma pesca abundante. A pesca com frutos abundantes conduz a um convívio oferecido pelo próprio Jesus que não usa dos peixes que pegaram, mas de um que Ele mesmo oferece. A pregação é simbolizada pela pesca. Podemos interpretar que a pregação não é só para nos conduzir ao conhecimento de Jesus, mas para participarmos de seu Corpo e Sangue na comunidade. Na cena vemos que Jesus tomou pão e distribuiu entre eles. Fez mesmo com o peixe. A palavra peixe, em grego, são as iniciais do nome Jesus que é uma profissão de fé: Jesus Cristo de Deus Filho Salvador (Ichtys). A fé sempre nos conduz ao reconhecimento de Cristo como Senhor Deus. Em continuação encontramos o diálogo com Pedro no qual Jesus pergunta se O ama. Faz a pergunta, primeiro se O ama com o Amor Divino. Pedro responde que ama com amor humano. Na terceira vez pergunta se O ama com amor de amigo. Pedro se emociona e responde: “Tu sabes tudo, sabe também que Te amo” (Jo 21,15). Mesmo tendo sido frágil, pois negou, Jesus confia nele e lhe dá a responsabilidade de cuidar do rebanho de ovelhas e cordeiros. Notamos que João, diante do milagre da pesca abundante reconhece o autor: “É o Senhor!” (Jo 21,7). É o amor que leva ao conhecimento. Por que essa insistência de Jesus sobre o amor de Pedro? O amor tem que ser Divino e humano. Pedro mostrará que é Divino em sua entrega de vida por Jesus. Pedro é frágil, mas tem firmeza no amor. O amor que Jesus lhe pede não se trata só de uma afeição, mas de definição de vida pelo povo, cordeiros e ovelhas. Esse amor significa uma obediência acima de todo questionamento. A fé em Jesus se mostra no amor.
Obedecer antes a Deus
               O início da pregação dos discípulos foi conturbado. Proibidos pelos donos do poder, de ensinar em nome de Jesus, Pedro e João respondem: É preciso obedecer a Deus antes que aos homens (At 5,29). É a mesma resposta que dão os cristãos diante das pressões do poder romano, reconhecendo a Divindade de Jesus, Cordeiro que foi imolado (Ap 5,12). Só Ele é digno. Esta saudação que fazem a Cristo, Cordeiro imolado era a saudação que se fazia ao imperador romano. Pedro e João lançam em face do Sumo Sacerdote e do sinédrio, a acusação da culpa pela morte de Jesus. Mas Deus O exaltou, tornando-O Guia Supremo e Salvador. Essa tendência de calar a Igreja passa pelos séculos. A Igreja não é contra as pessoas, mas alerta contra o erro. O testemunho dos Apóstolos é acompanhado pelo testemunho do Espírito Santo. Não falam por si: “E disso somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que Deus concedeu àqueles que lhe obedecem” (At 5,32).
A glória como meta
               Toda a liturgia do Tempo Pascal, depois de nos conscientizar do mistério que vivemos, coloca-nos na perspectiva do nosso futuro. Assim rezamos: “Vosso povo... espere com confiança o dia da Ressurreição” (oração). Pedimos que Deus “nos conceda a eterna alegria” (Oferendas). E rezamos: “Concedei aos que renovastes pelos vossos sacramentos, a graça de chegar um dia à gloria da ressurreição da carne (Pós-comunhão). O mistério da Ressurreição é vivido cada dia pelos discípulos de Jesus. Todos os que crêem e todos os que vivem no amor e na justiça vivem a Ressurreição na fragilidade. Um dia poderemos com “todas as criaturas que estão na terra, debaixo da terra e no mar e tudo o que neles existem, dizer: ‘Ao que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor e a honra, a glória e o poder para sempre’”. E todo universo diga: Amém!

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