A serenidade do
Natal tem origem naquela noite distante, no escondido de um lugar humilde, no
coração de duas pessoas cheias de ternura para com um Menino recém-nascido. Ele
era o Filho de Deus. É muito difícil falar do nascimento de Jesus. É como
sentir o sabor de uma fruta que não se comeu. A celebração da liturgia procura
os sentimentos através dos textos litúrgicos. Esse nascimento é como diz Isaias,
para a alegria da paz. Compara com as festas da colheita ou com a vitória sobre
o inimigo. O salmo 95 nos convida a cantar efusivamente diante de todas as
nações. É um louvor que vem de toda a natureza. Vem do fundo do mar, vem dos
campos de frutos abundantes. Exultam as florestas e as matas. Céus e terra
exultam. Nada fica fora do louvor. Esse louvor é completado pelos Anjos que
fazem um coro celestial. Somos convidados e alimentar nossa alegria abandonando
toda impiedade e paixões e vivendo no mundo com equilíbrio e piedade (Tt 2,11-14). A
alegria está na libertação dos males e na busca da vida que nos foi comunicada
pelo Menino de Belém. A narrativa do nascimento de Jesus, tão sucinta e cheia
de ternura, mostra como se realizou o projeto salvador de Deus. Deus parte do
homem para alcançar o coração do homem. O amor de Deus manifestado em Cristo
passa pela condição humana, deixando-nos na certeza de que podemos fazer o
mesmo. Nós nos associamos aos anjos para cantar: “Glória a Deus nas alturas, e
paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2,14). Os pastores participam desse louvor
indo a Belém ver o Menino.
Bom negócio
A reflexão dos
grandes mestres da fé sobre o nascimento de Jesus usa o termo intercâmbio,
comércio e troca de presentes. Os santos Padres exclamam: “Ó admirável
comércio”! Rezamos na oração sobre as oferendas: “Acolhe, ó Deus, a oferenda da
festa de hoje, na qual o Céu e a terra trocam os seus dons”. Damos um presente
a Deus: nossa humanidade. Deus nos retribui com sua Divindade. Em Jesus está a
síntese de tudo: Homem-Deus. Continuamos: “Dai-nos participar da Divindade Daquele
que uniu a Vós a nossa humanidade”. Não é só um ensinamento, mas um caminho de
salvação na busca permanente de unir nossa vida à vida de Deus. É o processo permanente
de conversão na redenção que Jesus nos fez. Na espiritualidade conhecemos esse
processo como divinização. Vamos assumindo a Vida de Deus. Espiritualidade não
é um sentir-se bem, mas um permanente abrir-se à divindade. Jesus Se encarnou
após o sim de Maria. Deus usa conosco o mesmo caminho do respeito a nossa
liberdade e atitude de assumir a Divindade. Deus enviou Jesus para abrir-nos à
comunhão com Ele.
Um canto suave
Quando
ouvimos um coral muito bonito, dizemos: Parecem anjos cantando. Quando vemos os Anjos cantando na noite de
Natal, no nascimento de Jesus, podemos dizer: é gente cantando. É um canto
suave, pois Ele é o construtor da paz. É linguagem de gente. Os Anjos cantaram
diante dos pastores palavras Divinas e as transformaram em palavras humanas. A
paz que anunciam para a terra é a mesma que trazem do Céu. Por isso chamamos
Jesus de Príncipe da Paz. Consequentemente Jesus estabelece a paz com o seu
mandamento: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Celebramos a beleza do
Natal. Para Jesus, a memória do Natal se dá em cada ato de amor que realizamos,
desde um sorriso até uma vida doada, entregue no amor. Por isso ele deve
permanecer o ano todo nos instruindo. O espírito do Natal continua em Jesus,
pois sempre é o pequenino.
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