PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
1882.
Homens que se renovam
Celebramos a Ressurreição já
ocorrida porque sua realidade é sempre atual. E ainda temos que deixar que esta
realidade penetre nossas pessoas e nossos corações. É um mistério tão augusto
que corremos o risco de deixá-lo somente como uma ideia sobre Jesus e não sua
vida em nós. O Cristo glorificado está glorioso junto do Pai, mas ao mesmo
tempo continua servidor entre nós abrindo-nos as torrentes das águas da
salvação (Is 12,3).
Essas águas são a ação do Espírito que nos foi dado (Jo 7,3-9). Se prestarmos atenção, ação
dos discípulos não era fazer coisas maravilhosas, mesmo que as tenham feito,
mas continuar como Jesus, fazendo o bem (At 10,38). A vida dos ressuscitados com
Cristo se mantinha na Palavra anunciada pelos Apóstolos, nas orações, na fração
do pão e nas refeições em comum (Jo 2,42). Isso era o modo de viver a Ressurreição. Os homens e
mulheres renovados pela fé em Jesus viviam a caridade entre si e para com os
outros. Vemos na narrativa da escolha dos diáconos que deviam cuidar de muita
gente, sobretudo as viúvas (que eram abandonadas pelas famílias quando morriam
os maridos). Já logo assumem uma questão prática, que chamamos de social. Era o
primeiro problema à vista. Não basta proclamar a fé, é preciso instituir a
caridade, pois ela é o reflexo de Cristo em nós. Como diz João, “andar como
Cristo andou” (1Jo 2,6).
Todos tinham grande respeito por eles. Entre eles não havia necessitados, pois
os que possuíam e vendiam e davam o dinheiro aos apóstolos que o repartiam (At 4,35). Diziam os
pagãos: “Vede como se amam”.
1883.
Estruturas renovadas.
Cada
celebração da Ressurreição chama a um mundo novo, com novos modos de vida. A
ideia que temos sobre a Ressurreição como um dogma, não nos conduz à prática da
Ressurreição na vida concreta. A vida que a Ressurreição nos sugere é a
capacidade de buscar estruturar o mundo a partir do Reino de Deus como Jesus o
implantou e, como conseqüência, teve que ir até à morte de Cruz. A morte de
cruz foi para Ele a síntese de tudo: dar a vida, empenhar-se totalmente para
que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Doar a vida não se reduz a morrer
pelos outros, mas dedicar-se pela vida dos outros para que todos vivam também
espiritualmente bem. O mundo caminha em sentido contrário no egoísmo, ganância
e prepotência. Onde todos cuidam uns dos outros, todos estarão bem cuidados. O
egoísmo mata. Pensar no outro para que todos pensem em nós. Vejamos como isso
pode influir no mundo econômico, social, político. O contrário, que é pensar só
em si, tem demonstrado que só prejudica a si mesmo e aos outros. Toda a
política econômica mundial, se não se adequar ao Evangelho, só aumentará o
sofrimento dos povos. Temos que crer na renovação do mundo pela Ressurreição.
1884.
Ressurreição das realidades materiais
O mundo espera sua renovação. Paulo
nos fala na Carta aos Romanos que a natureza, também ela foi sujeita à vaidade.
E espera a manifestação dos filhos de Deus. Ela não cometeu pecado, mas foi
prejudicada pelo pecado do homem. Ela participa da esperança da humanidade. Ela
sofre até o momento como em dores de parto esperando a Redenção (Rm 8,18-23). Como a
natureza participa do louvor da humanidade a Deus, participa também dos
sofrimentos e da Ressurreição. Levar a natureza à libertação é respeitar o seu
ritmo, condições e finalidades. Lidar com a natureza é cultivar o ser humano. Na
Eucaristia a natureza participa do Mistério de Cristo, pois o pão e vinho serão seu corpo
ressuscitado. Na Eucaristia ela enxuga suas lágrimas e sorri.
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