Recolhendo
as belezas do Tempo Pascal, temos a sensação de uma contínua caminhada. Não uma
conquista de um sossego ou estabilidade, mas um impulso de ir adiante. Não se
olha para trás, pois esta foi a grande tentação que sofreu o povo por voltar ao
Egito. Por causa das cebolas, dos pepinos e dos peixes de graça, o povo se
lamentava (Nm 11,4-6).
A liberdade tem preço. Jesus caminha decididamente para Jerusalém (Lc 9,51). Essa
disposição de Jesus de realizar sua missão até o fim O leva a ir em frente.
Paulo diz: “Esquecendo-me do que fica para trás, e avançando para o que está
diante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus
em Cristo Jesus” (Fl
3,13-15). Jesus, depois da Ressurreição, vai ao Pai para a glorificação
e ainda voltará para levar todos com Ele (Jo 14,3). O Universo caminha no mesmo
sentido: “Conforme a decisão prévia que lhe aprouve tomar para levar o tempo a
sua plenitude, a de em Cristo recapitular todas as coisas, as que estão nos
céus e as que estão na terra” (Ef 1,9-10). Sendo Páscoa - uma passagem - tem um ponto ao qual
se dirige: completar tudo em Cristo. O tempo litúrgico não se fecha com uma
mudança de calendário, mas continua sua força transformadora em Cristo para que
todas as coisas se encaminhem para o bem do homem e para a glorificação do
Filho de Deus que passou entre nós fazendo o bem. Fazer o bem é passar da morte
do individualismo para a vida do amor que se doa. Cada gesto de amor é uma
Páscoa que se realiza. Sair de si é o mesmo que ocorreu com Cristo que saiu da
sepultura.
1889. Deserto do caminho
A
própria dinâmica do povo de Deus ensina a fazer uma leitura do Mistério de
Cristo em nós. Conhecemos bem a narrativa da saída do Egito comandada por
Moisés. É histórica ou ensinamento? O importante é o que ilumina nossa
caminhada espiritual. O povo sai do Egito na alegria da libertação. Depois
entram numa epopeia de quarenta anos de deserto até entrar na terra prometida.
Em quarenta anos tiveram a possibilidade de experimentar que a liberdade tem
preço e exigências do totalmente novo, mesmo nas dificuldades. Viver a Páscoa é
passar por desertos e tempestades. Se quisermos um cristianismo sem problemas temos
que procurar na porta ao lado. O deserto, isto é, os tempos difíceis, queima o
secundário e nos leva ao único necessário. Quem não sofre as demoras de Deus (Eclo 2,3), jamais
poderá entender o que é tê-Lo. O maior deserto de Jesus foi a Cruz onde pode
dizer: “Pai, em vossas mãos entrego o meu Espírito” (Jo 23,46). Era a oração que sempre
fizera em sua vida, quando rezava o salmo 31,6. A Páscoa não deu aos discípulos
uma tranqüilidade humana, mas a certeza divina em tudo o que faziam: O Senhor
ressuscitou.
1890. Terra da promessa
Depois do deserto, os judeus atravessaram o rio
Jordão como na passagem do Mar Vermelho: É a continuada liberdade. Entram na
terra prometida e comem os frutos da terra (Js 5,12). A terra nova alimenta. Em nossa
Páscoa entramos na terra nova da graça: “Nascestes de novo e vossa vida está
escondida em Deus”. Deus é meu descanso. A vida eterna começa aqui. Vivemos já
a vida futura que Cristo nos conquistou. Essa nova terra nos alimenta com os
dons da Ressurreição. A vida da comunidade deve ser o espelho da vida futura.
Os problemas que temos nos vêm, porque estamos ainda na matéria e não podemos
fugir dela. Não se trata de suportar como fosse um mal, mas aproveitar dessas
situações para exercer o dom da vida nova no amor que Cristo nos deu como seu
mandamento.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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