quarta-feira, 31 de maio de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Amarás com todo coração”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA, REDENTORSITA
Amor total
               Os saduceus haviam colocado a questão política do imposto pago aos romanos. Os fariseus colocaram Jesus em um dilema sobre o fundamento primeiro de toda a Lei de Deus. Tocava a raiz da fé. Queriam pegar Jesus em um erro de doutrina. Os fariseus tinham autoridade e prestígio entre o povo. Depois da destruição  do templo (380 AC), eles mantiveram a fé do povo. Queriam saber a opinião de Jesus sobre qual era o mandamento mais importante. Ele responde com o texto que os judeus rezavam três vezes ao dia tirado de Deuteronômio 6,4-9: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”. “Esse é o maior e o primeiro mandamento” (Mt 22,37-38). Jesus acrescenta: “O segundo é igual ao primeiro: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo” (39). E acrescenta: “Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos” (40). Com as palavras Leis e profetas Jesus indica totalidade. O fundamento está nos dois mandamentos. O segundo está no livro do Levítico 19,18. Podemos entender por esse mandamento a segunda tábua da Lei, os que se referem ao próximo. Jesus acentua que o seu mandamento é o amor ao próximo: “Dou-vos um mandamento novo: Que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros” (Jo 13,34). Ao dizer semelhante diz igual Tem a mesma substância. João, em sua carta, explica a grandeza do amor ao próximo (1Jo 4,7-21). E Jesus acrescenta que tem que ser um amor como Ele amou: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,12). Amor envolve a pessoa toda. Não há amor a Deus e aos outros se não for total, de coração, alma e inteligência. Amar a Deus é amar o que Ele pede: “Dai-nos amar o que nos ordenais” (oração).
Carinho de Deus
               O primeiro é igual ao segundo. Jesus não tencionava dar leis novas, mas cumprir o fundamental. Deus, no Antigo Testamento, se coloca ao lado do pobre, considerando-se seu advogado e responsável primeiro (Pr 23,10-11). Vemos os pontos em que a lei mostrava a grandiosidade da atenção de Deus para com os necessitados e o quanto Deus quer que continuemos este cuidado. A leitura de Êxodo chega ao ponto se de preocupar com o manto dado em penhor. Deve ser devolvido antes do por do sol, pois o dono pode passar frio de noite (Ex. 22,25-26). Deus se preocupa com as viúvas e os órfãos desprotegidos. Deus escuta seus lamentos. Não se trata de algo social, mas está unido ao fundamento da fé. Por isso Tiago ensina que a fé, sem obras é morta (Tg 2,17). O salmo nos leva a rezar que Deus é nosso refúgio e salvação (Sl 17).
Amor de evangelização
               A fé sem amor e a religião sem conteúdo são um risco muito grande. Paulo evangelizou os tessalonicenses e foi para eles um modelo. Estes acolheram a Palavra e se tornaram modelo para toda a Igreja tanto pela vida como pelo anúncio da Palavra. É assim que acontece quando sabemos amar a Deus e ao próximo. O resultado é a evangelização. Às vezes fundamentamos nossa fé em regrinhas e não no amor. Santo Afonso diz que toda santidade consiste em amar Jesus Cristo. Podemos perceber que nossas celebrações nem sempre nos satisfazem. São vazias, porque somos falhos no amor ao próximo. Culto sem caridade é inútil. Estamos correndo o risco de voltar à liturgia ritualista sem referência à vida. Esse culto torna-se como um pagão. Só rito.

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