Evangelho segundo S. João 16,12-15.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos
dizer, mas não as podeis compreender agora. Quando vier o Espírito da
verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas
dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há-de vir. Ele Me
glorificará, porque receberá do que é meu e vos há-de anunciá-lo. Tudo o que
o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vos há-de
anunciá-lo».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Gregório de Nazianzo (330-390),
bispo, doutor da Igreja
Discurso 31, 5.ª teológica, 25-27; PG 36, 159
Ao longo dos tempos, duas grandes revoluções
abalaram a Terra; são elas os dois Testamentos. Com uma, os homens passaram da
idolatria à Lei; com a outra, passaram da Lei ao Evangelho. Um terceiro
acontecimento fora previsto: aquele que nos há de fazer subir às alturas, onde
já não haverá movimento nem agitação. Ora, aqueles dois Testamentos apresentaram
o mesmo carácter [...]: não transformaram tudo de forma repentina, desde o
primeiro impulso do seu movimento [...]. Assim foi para não nos violentar, mas
nos persuadir. Porque o que é imposto pela força não perdura no tempo [...].
O Antigo Testamento manifestou o Pai de forma clara, de forma obscura o
Filho. O Novo Testamento revelou o Filho e insinuou a divindade do Espírito.
Hoje, o Espírito vive entre nós, e dá-Se a conhecer mais claramente. Teria sido
arriscado, num tempo em que a divindade do Pai não estava ainda reconhecida,
pregar abertamente o Filho; ou, enquanto a divindade do Filho não estivesse
admitida, impor [...] o Santo Espírito. Pois, tal como quem traz o estômago
demasiado cheio ou como quem, com olhos ainda fracos, fixa de frente o sol, os
crentes poderiam perder aquilo para que tinham forças. O esplendor da Trindade
haveria portanto de resplandecer por sucessivos desenvolvimentos ou, como diz
David, por graduais peregrinações (Sl 83,6) e por uma progressão de glória em
glória [...].
Acrescentarei ainda esta consideração: o Salvador sabia
certas coisas que estimava não poderem estar ao alcance dos discípulos, apesar
de todos os ensinamentos que estes já tinham recebido. Pelas razões acima ditas,
Ele mantinha essas coisas guardadas. E repetia-lhes que o Espírito, quando
viesse, tudo haveria de lhes ensinar.
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