Evangelho segundo S. João 16,5-11.
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Agora vou para Aquele que Me enviou e
nenhum de vós Me pergunta: ‘Para onde vais?’.Mas por Eu vos ter dito estas
coisas, o vosso coração encheu-se de tristeza. No entanto, Eu digo-vos a
verdade: É do vosso interesse que Eu vá. Se Eu não for, o Paráclito não virá a
vós; mas se Eu for, Eu vo-l’O enviarei. Quando Ele vier, convencerá o mundo
do pecado, da justiça e do julgamento: do pecado, porque não acreditam em
Mim; da justiça, porque vou para o Pai e não Me vereis mais; do
julgamento, porque o príncipe deste mundo já está condenado».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da
Igreja
Catequese baptismal n.° 16 (trad. breviário)
«A água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma
nascente de água a jorrar para a vida eterna» (Jo 4,14). É uma água
completamente nova, viva, que jorra para aqueles que são dignos dela. Por que
razão é o dom do Espírito apelidado de «água»? Porque a água está na base de
tudo; porque a água produz a vegetação e a vida; porque a água desce do céu sob
a forma de chuva; porque, caindo sob uma única forma, ela atua de maneira
multiforme. [...] Ela é uma coisa na palmeira e outra na vinha, mas dá-se
inteiramente a todos. Tem apenas uma maneira de ser e não é diferente de si
mesma. A chuva não se transforma quando cai aqui ou ali mas, ao adaptar-se à
constituição dos seres que a recebem, produz em cada um deles aquilo que lhe
convém.
O Espírito Santo atua assim: apesar de ser único, simples e
indivisível, «Ele distribui os seus dons a cada um conforme entende» (1Cor
1211). Da mesma maneira que a lenha seca, associada à água, produz rebentos, a
alma que vivia no pecado, mas que a penitência torna capaz de receber o Espírito
Santo, produz frutos de justiça. Embora o Espírito seja simples, é Ele que, por
ordem de Deus e em nome de Cristo, anima numerosas virtudes.
Ele utiliza
a língua deste ao serviço da sabedoria; ilumina pela profecia a alma daquele; dá
a um terceiro o poder de expulsar os demónios; dá a outro ainda o de interpretar
as divinas Escrituras. Fortifica a castidade de um, ensina a outro a arte da
esmola, ensina àqueloutro o jejum e a ascese, a um quarto ensina a desprezar os
interesses do corpo, prepara outro ainda para o martírio. Diferente nos
diferentes homens, Ele não é diferente de Si mesmo, tal como está escrito: «Mas
a manifestação do Espírito é dada a cada um para proveito comum» (1Cor 12,7).
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