sexta-feira, 26 de maio de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Um olhar sobre o povo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
1011. Espiritualidade de Mãe
             Ser mãe não é somente gerar filhos, mas criá-los e dar-lhes um caminho espiritual para que possam encontrar os caminhos para Deus. Os pais dão o melhor para os filhos na vida material e se esquecem de dar o espiritual. Com isto cuidam só  de uma parte da pessoa. Alias, cuidam da matéria que acaba, e deixam de lado o que levará esta matéria à transformação para a vida eterna na ressurreição. Nossa Senhora nos deu Jesus que é a Graça. E, como veio por ela, continua dando tantas graças que Jesus lhe põe nas mãos. Desde sua ida ao Céu em corpo e alma, ela está no povo de Deus através de tantos modos e símbolos. O encontro da imagem no rio Paraíba é um símbolo muito brasileiro. Ela não apareceu, não disse nada, não prometeu nada, não cobrou nada, como vemos em certas supostas aparições. Dá assim um testemunho muito bonito dizendo que ela é como o povo humilde e silencioso que não fala muito, mas faz bastante. Basta ver nossa gente que, mesmo no sofrimento, é sempre ativa e não se entrega. Assume a vida e é capaz de viver bem com tão pouco, com Jesus em Nazaré, com sua Mãe Maria e José: na humildade silenciosa. Sua imagem, de rara beleza, foi para o fundo de um rio e ali foi encontrada pelos pescadores sofridos na dureza da vida. Há uma beleza no coração das pessoas que está acima dos critérios de beleza da humanidade. No fim são todos iguais. Maria anima a salientar a beleza superior, aquela que tem estampada a face do Filho de Deus, resplandecente no Tabor, e esmagada no Calvário. A espiritualidade de mãe é vir em socorro dos necessitados que labutavam para que o “conde” tivesse algo bom para comer, pois estava cansado de comer carne de macaco. Eles não pediram milagre, trabalharam para que acontecesse. Assim ensina que não se vive de milagre, mas faz da vida um milagre.
1012. Mãe que multiplica
             A devoção verdadeira é a coerência da vida com a fé. Se a vida não se transforma com a devoção, então não é do gosto de Jesus. O mundo atual gosta de espiritualismos que afagam o coração, mas não o entregam a Deus. Sentimentos espirituais não resolvem em nenhuma religião. O que é necessário é buscar a Deus através de uma coerência de vida com o bem, a justiça e o amor. É a mensagem de Aparecida: “Façam tudo o que Jesus indicar”. Para isso existe um evangelho. Agrada Nossa Senhora quem vive o evangelho. Na pesca milagrosa temos um olhar da Mãe que mostra que, num rio ruim de pescar, numa pesca sem efeito, ainda temos que multiplicar nossa pobreza para transformá-la numa riqueza de muitos. Os pobres pescadores fizeram a alegria de uma nação.
1013. Mãe que acolhe.
            Quando vemos as multidões que buscam o Santuário para encontrar Nossa Senhora, lembramos as palavras de um homem (Von Martius) que não acreditava em Deus. Vendo os romeiros disse: “Não podem eles todos estarem errados e eu certo”. Isso quando Aparecida era um lugarejo. O Santuário é o lugar do acolhimento, como aqueles pescadores acolheram em seu barco os dois pedaços que formaram uma imagem. Era um símbolo de acolher o frágil, o despedaçado, e transformá-lo em um corpo sadio, forte e cheio de vitalidade para o bem dos outros. O tal “Conde” que veio para oprimir os pobres garimpeiros das Minas Gerais, tirando-lhes o fruto do trabalho, é o símbolo dos opressores do povo que devem curar seus corações partidos pelo mal para serem também eles redentores do povo.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

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