PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Quem quiser me seguir
Um
autor, Tomás Frederici, explicando a profissão de fé de Pedro, diz que Jesus
chegara ao meio de sua missão e vê que parece haver um fracasso. Ele está ali
com um grupinho de discípulos e o povo não sabe quem Ele é: “‘Que dizem o
homens que eu sou?’ Eles responderam: ‘Alguns dizem que tu és João Batista;
outros que é Elias; outros dizem que é
um dos profetas’” (Mc 8,27-28). O Messias
esperado é um desconhecido. Não sabem quem Ele é. Esse acontecimento se dá fora
do território de Israel, nas nascentes do Jordão. Ali, comentou-me um padre que
é daquela região, havia um templo pagão ao Filho de Deus. S. Mateus (16,16) acrescenta a Messias, o Filho de Deus. A
resposta de Pedro condensa tudo o que se esperava do Messias futuro: Messias
(em hebraico) é a mesma palavra Cristo (em grego) e significa o Ungido de Deus:
Ele é o descendente de Davi, nele se espera o dom divino da justiça, liberdade, prosperidade, o Reino
de Deus. Toda a história do povo tem sentido na espera deste Messias. Não há
outro Filho do Homem a se esperar. Notemos que essa profissão de fé de Pedro confirma
Jesus em sua caminhada, pois havia gente que não acreditava em Jesus. Por que Jesus
proíbe que digam que Ele é o Messias? Ele sabe que o povo espera um messias
político. Para evitar isso manda que não comentem com ninguém (v. 30). O Messias, como Jesus entendia, deveria
sofrer muito, morrer e ressuscitar. Marcos vai além do sofrimento de Jesus e explica
que o discípulo passa pelo mesmo caminho que Jesus-Messias: “Se alguém quer me seguir,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me, pois quem quiser salvar sua
vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho,
vai salvá-la” (Mc 8, 34-35). Quem aceita
Jesus aceita participar do que Ele viveu, com a promessa de participar de sua
ressurreição. A fé em Jesus recusa qualquer mudança em seu modo de ser Messias.
Fé sem obras é morta
A carta de Tiago
enfrenta um problema sério nas comunidades: A fé desligada da vida. Paulo ao
afirmar que o “justo viverá da fé” (Rm 1.17)
e que “o homem é justificado pela fé, sem as obras da leis (Rm 3,28), pode ter provocado nos cristãos um
desleixo das obras da fé. Mas ele mesmo afirmará que a “fé age pela caridade” (Gl 5,6). Tiago responde que “a fé, se não se
traduz em obra, por si só está morta” (Tg 2,17).
A profissão de fé implica no seguimento de Jesus de maneira total, colocando em
prática o mandamento do amor. Tiago escreve: “Mostra-me tua fé sem as obras,
que eu te mostrarei a minha fé pelas obras” (Tg
2,18). Paulo afirma também as obras da fé pela caridade. A fé salva, mas
não sem as obras.
Afasta-te, satanás!
Estranhamos a
atitude de Jesus quando Pedro o repreende por mostrar o caminho da Paixão.
Jesus foi duro: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim
como os homens” (Mc 8,33). Satanás
significa o inimigo, o que tentara Jesus no deserto. Jesus fala essas palavras
olhando para os discípulos (v.33). Esse
olhar quer dizer que seu compromisso está ligado também aos discípulos que
crêem Nele. A profissão de fé na Eucaristia é um momento de reafirmar nossa
adesão clara a Jesus. Muitos gostam dele, mas nem sempre do jeito que Ele é.
Usam Jesus para seus fins e não o aceitam como Ele é. Quem sabe quem é Jesus,
tem uma atitude coerente com Ele e não com os homens.
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