domingo, 14 de agosto de 2016

Homilia do 20º Domingo Comum (14.08.16) “Fogo sobre a terra”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Proposta radical
            No caminho para Jerusalém, Jesus continua instruindo seus discípulos. Ensina que passarão pela recusa dos que estão envenenados pelo mal. À custa de sua vida, Jesus quer fazer a vontade do Pai e  implantar o Reino. Propõe o mesmo ao discípulo para que tenha a vida. Radical quer dizer que atinge a raiz e passa a alimentar a vida. Se fizermos a opção fundamental por Jesus, vamos viver o que Ele viveu e sofrer o que sofreu por parte de seus perseguidores, seguidores do mal. O inimigo usa os que optaram pelo mau caminho recusando a proposta de Jesus. Por isso diz claramente que não veio trazer a paz, mas a espada e a divisão (Lc 12,51). Não podemos nos esquecer que o fogo de que fala o evangelista é o fogo do Espírito. “Sereis batizados com o Espírito e com o fogo” (Mt 3,11). O fogo do Espírito é o amor que orienta a vida e fortalece no sofrimento pelo Reino. Sua vontade em receber logo o batismo significa que quer concluir a obra da redenção sofrendo o batismo de sangue pelo qual vai realizar nossa purificação. Lembramos o que diz aos dois irmãos Tiago e João: “Vocês podem ser batizados no batismo em que vou ser batizado? (Mc 10,38-39). A opção por Jesus vai causar divisão nas famílias. É o que vemos em nossas comunidades. É bom ter consciência de que a perseguição contra a Igreja e os cristãos é por causa da recusa do adversário contra Jesus.
O profeta perseguido
            Jeremias é o exemplo do profeta sofredor. Fiel a Deus não compactuou com o paganismo e a insolência dos que mudaram da religião para a política. A cidade está para ser destruída e ele não prega falsidade para enganar o povo numa falsa esperança. O profeta sofre violenta perseguição. Durante toda a vida sofreu. Diziam que era o profeta chorão, mas na verdade era a dor da perseguição. Quem prega a verdade da Palavra é perseguido até por gente de dentro da Igreja. Há uma tentativa de abafar as exigências do Evangelho apoiando-se em doutrinas que não tem nada a ver com Jesus que nos compromete a viver com integridade a verdade da justiça e do amor. Dizem que é política, marxismo, socialismo etc. ... Alguns pretendem justificar o dinheiro, o poder e o prazer. Usam uma política que apóia a exploração do povo e identificam isso com doutrinas da Igreja e de santos. Devemos respeitar as posições políticas, mas elas devem ser sempre inspiradas pela Palavra de Deus. A perseguição continua. Pobres profetas!
Com os olhos fixos em Jesus
            Só podemos entender os sofrimentos que nos atingem se mantivermos os olhares fixos em Jesus. Ele não foi somente vítima, mas assumiu o sofrimento, pois lhe era proposto algo maior, a glorificação: “Ele, em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz  ... e assentou-se à direita de Deus” (Hb 12,2). Esse combate é forte. “Empenhemo-nos com perseverança no combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé” (Id. 12,1-2). Para não nos desanimarmos devemos contemplar Jesus que enfrentou muita oposição por parte dos pecadores (3). E encerra com uma frase muito forte que nos alerta que não estamos reclamando sem razão, pois “ainda não resististes até ao sangue na vossa luta contra o pecado” (Id 4).  Todos esses males vêm do pecado. Por isso é necessário estarmos sempre atentos a ver se nossas idéias não são fruto do pecado. Cada Eucaristia é momento de rever nossa vida. Ela nos reforça na fé e nos sustenta nos sofrimentos.
Leituras: Jeremias 38,4-6.8-10; Salmo 39; Hebreus 12,1-4; Lucas 12,39-53

1.   Jesus ensina a opção radical por Ele, em favor de seu Reino. Isso acarretará perseguição ao discípulo como causou a Ele.

2.   O profeta é perseguido. A perseguição continua no mundo. Ela é obra do demônio que continua perseguindo os que anunciam o Evangelho.

3.   Paulo anima os cristãos que sofrem a verem como Jesus superou os sofrimentos. Ter os olhos fixos Nele é a condição para suportar.

            Bombeiro que acende fogo

            Parece que Jesus gosta da confusão. Nós é que somos confusos e não sabemos alinhar com Ele. O que é botar fogo na terra? O que significa que veio trazer a espada? É um projeto de paz, pois o fogo é seu Reino que se instaura; a espada é a batalha pela verdade;  a divisão que ocorre é a recusa de muitos ao projeto de vida nova que propõe. É muito sofrido passar por isso. A recusa a Jesus culmina sempre em muito sofrimento.
            É isso que vemos no profeta Jeremias que, por sua coerência com a Palavra de Deus que anunciava, passa pelos maiores sofrimentos. Mesmo no mundo de hoje há muita perseguição dos que querem um mundo novo a partir da Palavra de Deus. Ele não foi ouvido e o povo pagou por ter sido desobediente.
            A Carta aos Hebreus convida à perseverança no combate que nos é proposto. Sabemos que Jesus passou por isso. Diz o texto: “Ele, em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a cruz, não se importando com a infâmia. Depois se assentou à direita do trono de Deus” (Hb 12,2). Cristo passou por tantos sofrimentos para que não nos desanimemos. E diz uma palavra que nos envergonha: “Vocês ainda não resistiram até o sangue na luta contra o pecado” (Hb 12,4). Estar na graça de Deus exige coragem e disposição.

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