Evangelho segundo S. Mateus 2,1-12.
Tinha Jesus
nascido em Belém da Judeia, nos dias do rei Herodes, quando chegaram a Jerusalém
uns Magos vindos do Oriente. Onde está -perguntaram eles-o rei dos
Judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos
adorá-l'O. Ao ouvir tal notícia, o rei Herodes ficou perturbado e, com ele,
toda a cidade de Jerusalém. Reuniu todos os príncipes dos sacerdotes e
escribas do povo e perguntou-lhes onde devia nascer o Messias. Eles
responderam: "Em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: 'Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais
cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu
povo'". Então Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes
informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela. Depois enviou-os a Belém e disse-lhes: "Ide informar-vos cuidadosamente
acerca do Menino; e, quando O encontrardes, avisai-me, para que também eu vá
adorá-l'O". Ouvido o rei, puseram-se a caminho. E eis que a estrela que
tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o
Menino.
Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa,
viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d'Ele, adoraram-n'O.
Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e
mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes,
regressaram à sua terra por outro caminho.
Da Bíblia Sagrada
- Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense, doutor da Igreja
1º
sermão para a Epifania
«Caindo de joelhos, prostraram-se diante dele»
O desígnio de Deus não foi apenas descer à
terra, mas ser nela conhecido; não foi nascer, apenas, mas dar-Se a conhecer. De
facto, é com vista a esse conhecimento que celebramos a Epifania, esse grande
dia da sua manifestação. Hoje mesmo, de facto, os magos vieram do Oriente em
busca do nascer do Sol da Justiça (Mal 3,20), Esse de Quem se diz: «Eis o homem,
cujo nome é Oriente» (Za 6,12). Hoje adoraram o Menino nascido da Virgem,
seguindo a direcção traçada por uma nova estrela. Temos pois aqui, irmãos, um
grande motivo de alegria, como aliás também nas palavras do apóstolo Paulo: «A
bondade de Deus nosso Salvador e o seu amor pelos homens foram-nos manifestadas»
(Tt 3,4). […]
Que fazeis, magos, que fazeis? Adorais um Menino de
colo, envolto em faixas miseráveis, num pobre casebre? Será Ele Deus? Mas «Deus
mora no seu templo santo, o Senhor tem o seu trono nos céus» (Sl 10,4), e vós,
vós procurai-Lo assim num qualquer estábulo, uma criança de colo? Que fazeis?
Porque ofereceis esse ouro? Será este o rei? Mas onde está a sua corte real, o
seu trono, a multidão dos seus cortesãos? Acaso um estábulo é um palácio, acaso
uma manjedoura é um trono, serão Maria e José membros da sua corte? Como podem
os homens ser tolos a ponto de adorar uma simples criança, um ser desprezível,
quer pela sua pouca idade, quer pela evidente pobreza de seus pais?
Loucos, sim, tornaram-se loucos, para serem sábios; o Espírito Santo
ensinou-lhes primeiro o que o apóstolo Paulo mais tarde proclamou: «Aquele que
quer ser sábio torne-se louco para ser sábio. Pois já que o mundo, por meio da
sua sabedoria, não conseguiu reconhecer Deus na sua Sabedoria divina, aprouve a
Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação» (1 Cor 1,21). […]
Prostaram-se portanto diante daquela humilde criança, prestando-Lhe homenagem
como a um rei, adorando-O como um Deus. Aquele que de longe os guiou através de
uma estrela fez brilhar a sua luz no mais fundo dos seus corações.
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