PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
É preciso ter coerência
A Palavra de Deus do 31º
Domingo Comum é um dos últimos ensinamentos públicos de Jesus, antes da Paixão.
O capítulo seguinte (24) é reservado aos discípulos, ensinando-lhes sobre o fim
dos tempos. Provavelmente está no templo o coração do povo de Israel. Ali
estavam 4 sinagogas para a instrução do povo. Era a cátedra de Moisés. Era como
se Moisés ensinasse através desses mestres. Jesus tinha como justo o
ensinamento desses homens, mas criticava seu procedimento pessoal, que destoava
de seu ensinamento. Por isso diz Jesus: “Observem o que dizem, mas não imitem o
que fazem” (23,3), e apresenta seus erros: Primeiro a incoerência: pregam uma
coisa e fazem outra; fazem leis duras para os outros. Jesus diz de si mesmo: “Seu
fardo é leve e seu peso é suave”. O segundo pecado é o exibicionismo. A Bíblia
ensina, em Deuteronômio 6,8, que cada um deve ter a Palavra de Deus diante dos
olhos. Eles o faziam materialmente. Jesus também usava franja na túnica, pois
uma mulher chega e quer tocá-las para se curar. Os fariseus usavam-nas longas
para aparecer. O terceiro pecado é a busca de honras. Eles queriam sempre
aparecer entre os grandes, e o povo permanecia sempre distante. O compromisso
de ser formador do povo não lhe dá o direito de estar no lugar de Deus. O maior
é aquele que serve (11). Jesus nos diz que o ensinamento deve ser acompanhado
pela coerência.
Riscos que corremos
Somos chamados, por esse
texto, a um exame de nossa consciência de sacerdotes, bispos e pessoas que estão
a serviço do povo de Deus. Este evangelho nos põe em aperto. Ouvem-se muitos
lamentos do povo de Deus por causa de alguns de nós que às vezes nos deixamos
levar por modos que não espelham Jesus.
Há vícios que, como diz o profeta Malaquias, fazem o povo de Deus tropeçar e
afastar-se da Igreja. O profeta nos acusa de não tomar a peito a glória de
Deus. Qual é nossa preocupação? Fala-se dos padres do CCCC (casa, celular,
conta bancária e carro). Nós ainda usamos outras letras do alfabeto: manias de
ritualismo na liturgia, discriminação, desprezo dos humildes e preferência
pelos grandes, coisas que Malaquias já recriminava. Não sujamos os pés para ir
ao encontro do povo. Não temos compromisso com a classe empobrecida que é a
maioria da Igreja. São pecados que escandalizam. Pergunto: A Igreja precisa
passar vergonha por causa da imoralidades de alguns de seus padres? E paga
caro: perde a autoridade moral e até seus bens conseguidos muitas vezes com as
moedinhas dos pobres. O resultados desses males e de tantos outros é o
descrédito da missão. Mas tudo tem remédio.
Ternura de Deus
Paulo, na carta aos
Tessalonicenses, faz o retrato do
ministro: “Foi com ternura que nos apresentamos a vós como uma mãe que acalenta
seus filhinhos” (1Tes 2,7b). O ministro tem seu colo no coração terno do Pai
onde aprender a fazer como faz Deus. Essa ternura chega ao desejo de dar não só
a Palavra, mas a própria vida, “de tanto que amamos vocês”, escreve Paulo.
Creio que, se amarmos o povo, ele certamente compreenderá nossa fraqueza humana
e espiritual e seremos ajudados a crescer pois, nós que deixamos a família
encontramos outra. Amamos as pessoas para vivermos juntos a Palavra de Deus.
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