Jesus, na última ceia,
lavou os pés dos discípulos. Quando chegou a Pedro, este lhe disse: “Senhor, Tu
jamais me lavarás os pés”! Jesus lhe diz: “Se eu não lavar teus pés, não terás
parte comigo” (Jo 13,8). Deixar-se lavar os pés pode significar também aceitar
ser amado e servido. Normalmente falamos de amar, de doar-se, de servir. Mas é
necessário ter a humildade de retribuir o gesto do amor, amando quem nos ama.
Essa retribuição é o multiplicar o amor. É o reconhecimento de que Cristo está
nos amando. Vejamos a serenidade de Jesus ao deixar-se tocar e amar pela
pecadora. “Seus numerosos pecados lhe serão perdoados porque ela demonstrou
muito amor” (Lc 7,47). Quando a irmã de Lázaro unge Jesus com um perfume de
nardo puríssimo, Judas reclama do desperdício. Jesus lhe diz: “Deixai-a ...
onde o evangelho for pregado, em todo o mundo, também o que ela fez será
contado em sua memória” (Mt 26,13). O gesto de amor tem raízes na eternidade e
jamais será esquecido por Deus, pois é a ele que foi feito. O mal poderá ser
esquecido, o amor, jamais. Não se trata só de corresponder a um gesto de um
amigo, mas de acolher o amor de Deus que ele encerra e manifesta. Acolher não
como um ato simplesmente humano, mas divino. “Deus nos amou e nos deu seu
Filho” (Jo 3,16). “Todos os que acolheram esse gesto de Deus recebem graça
sobre graça” (Jo 1,16). Ser amado por Deus é o dom fundamental que podemos
acolher. Esse amor de Deus vem a nós pelas pessoas. Elas são o canal que Deus
usa para nos amar. Nós, se recusarmos o amor que nos é oferecido, não teremos
parte no amor.
167. Multiplicar o amor
O amor é vivo e eficaz,
tem uma energia transformadora a que nada pode resistir. É uma onda que atinge
todas as margens do lago da existência. Sua força aumenta e se avoluma. Assim é
o amor que recebemos. Passa adiante e torna-se uma torrente. Temos visto no
mundo, como o mal cresce. Mas, o amor quando é acolhido cresce muito mais. Amar
não só em retribuição por sermos amados. Jesus diz que “aqueles que amam só os
que os amam, que proveito tiram disso?” (Mt 5,46). Mas amar os que nos amam e
passar o amor adiante é acreditar que o amor é divino. Esse é o segredo da
construção de um mundo novo. Quando fazemos o bem a alguém, a esperança que
temos é que a pessoa levará adiante esse bem. Essa é a razão que nos leva a
acreditar no valor do amor a todas as pessoas. O gesto humilde de servir e
acolher quem nos serve e ama é a realização do Reino de Jesus.
168. Cultura do amor
Muitos modos de
compreender o mundo e a vida tornam-se uma cultura que acaba por entranhar-se
na vida das pessoas e passa a ser uma verdade. Assim podemos ver a questão da
violência, da corrupção, dos muitos modos de imoralidade. “Todo o mundo faz
assim!” O grande projeto de Jesus é criar a cultura do amor. Essa tem uma força
transformadora. Por exemplo: algumas pastorais da Igreja, como a pastoral da
criança, que é fruto do amor, tornaram-se uma realidade e algo normal em quase
todas as paróquias. É o amor que transforma. O mesmo se diga da outras pastorais.
As pastorais tornaram-se um modo de ser de nossas comunidade. O amor vence
tudo. O amor jamais passará (1Cor 13,8)
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