Evangelho segundo S. Marcos 1,7-11.
Naquele
tempo, João começou a pregar, dizendo: "Vai chegar depois de mim quem é mais
forte do que eu, diante do qual eu não sou digno de me inclinar para desatar as
correias das suas sandálias. Eu batizo na água, mas Ele batizar-vos-á no
Espírito Santo". Sucedeu que, naqueles dias, Jesus veio de Nazaré da
Galileia e foi batizado por João no rio Jordão. Ao subir da água, viu os
céus rasgarem-se e o Espírito, como uma pomba, descer sobre Ele. E dos céus
ouviu-se uma voz: "Tu és o meu Filho muito amado, em Ti pus toda a minha
complacência".
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos
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Comentário do dia:
Homilia atribuída a Santo Hipólito de Roma (?-c. 235), presbítero,
mártir
Homilia do século IV para a Epifania, a Santa Teofania; PG 10, 852
Eis que o Senhor vem ao baptismo
Eis que o Senhor vem receber o baptismo; e
chega miserável, nu, sem companhia, revestido da nossa humanidade, ocultando a
sua grandeza divina para frustrar a astúcia da serpente. Dizer que Ele vem ao
encontro de João qual Senhor que dispensou a sua guarda pessoal é dizer pouco;
na verdade, Jesus aborda-o como um simples homem, submetido ao pecado,
inclinando a fronte para ser baptizado pela mão de João. Impressionado com esta
humildade, este tenta recusar dizendo: «Eu é que tenho necessidade de ser
baptizado por Ti. E Tu vens a mim?» (Mt 3,14). […]
Vede, bem–amados
meus, quão numerosos e importantes bens teríamos perdido se o Senhor tivesse
cedido ao convite de João e não tivesse recebido o baptismo. Anteriormente, os
céus estavam fechados e a nossa pátria do alto era inacessível; depois de termos
descido até ao fundo, já não podíamos voltar às alturas. Mas o Senhor não Se
limitou a receber o baptismo: renovou o homem velho (cf Rom 6,6) e confiou-lhe
de novo o ceptro da adopção divina; pois de imediato «os céus abriram-se», as
realidades visíveis reconciliaram-se com as invisíveis, as hierarquias celestes
encheram-se de alegria, os doentes da Terra ficaram curados, e o que estava
oculto revelou-se. […] Era preciso abrir a Cristo, o Esposo, as portas da câmara
nupcial. Enquanto o Espírito descia sob a forma de uma pomba e a voz do Pai
ressoava em toda a parte, era necessário que «se levantassem as portas do céu»
(cf Sl 23,7). […]
Peço-vos que me escuteis atentamente […]: vinde,
todas as tribos das nações, ao banho da imortalidade! Através desta mensagem de
alegria, anuncio-vos a vida, a vós que permaneceis ainda na noite da ignorância.
Vinde da servidão para a liberdade, da tirania para a realeza, do que é
perecível para o que é imperecível. Quereis saber como chegar? Pela água e pelo
Espírito Santo (Jo 3,5). Esta água, que participa no Espírito, rega o paraíso,
deleita a terra, fecunda o mundo […], engendra o homem para a vida, fazendo-o
renascer; foi nesta água que Cristo foi baptizado e foi sobre ela que desceu o
Espírito.
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