Evangelho segundo S. João 21,15-19.
Quando Jesus
Se manifestou aos seus discípulos junto ao mar de Tiberíades, depois de terem
comido, perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que
estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.»
Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.» Voltou a perguntar-lhe uma
segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu
sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas
ovelhas.» E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és
deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira
vez: 'Tu és deveras meu amigo?' Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu
bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas
ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo
atavas o cinto e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as
mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres.»E disse
isto para indicar o género de morte com que ele havia de dar glória a Deus.
Depois destas palavras, acrescentou: «Segue-me!»
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Santo Agostinho (354-430), bispo de
Hipona (Norte de África), doutor da Igreja
Sermão 46, «Sobre os Pastores»,
30 (trad. do breviário, sexta-feira da XXV semana do Tempo Comum)
«Tu amas-Me?»
Aqui vejo todos os bons pastores
identificados com o único Pastor (Jo 10,14). Não faltam bons pastores, mas estão
num só. Se não estivessem num só, estariam divididos. (…) Mas na própria pessoa
de Pedro Ele recomendou a unidade. Eram muitos os Apóstolos, mas a um só foi
dito: «Apascenta as minhas ovelhas» (Jo 21,16.17). […] Quando confiou as suas
ovelhas a Pedro, como quem as entrega a outra pessoa diferente de Si mesmo, quis
fazer dele uma só coisa consigo. Cristo, a Cabeça, confiou as ovelhas a Pedro
como símbolo do seu Corpo que é a Igreja (Col 1,18). […] Por isso, ao
confiar-lhe as suas ovelhas, para não parecer que as entregava a um pastor
distinto de Si mesmo, o Senhor perguntou-lhe: «Pedro, amas-Me?» Ele
respondeu-Lhe: «Sim, amo». E perguntou outra vez: «Tu amas-Me?» Ele respondeu:
«Sim, amo». Perguntou-lhe ainda pela terceira vez: «Tu amas-Me?» E ele
respondeu-Lhe novamente: «Sim, amo». Deste modo o quis fortalecer no amor para o
confirmar na unidade.
Portanto, é Ele só que apascenta nos pastores
e é só nele que os pastores apascentam. […] Não foi por falta de pastores— como
anunciou o Profeta para os tempos da desgraça que estavam para vir— que o Senhor
disse: «Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas» (Ez 34,15), como se dissesse:
Não tenho a quem as confiar. Na verdade, quando o próprio Pedro e os outros
Apóstolos viviam ainda neste mundo, Aquele que é o único Pastor e no qual todos
os outros são um só, disse: «Tenho outras ovelhas que não são deste redil; e é
preciso que Eu as traga, para que haja um só rebanho e um só pastor» (Jo 10,16).
Portanto, estejam todos os pastores no único Pastor; oiçam as ovelhas esta voz e
sigam o seu Pastor: não este ou aquele, mas o único Pastor. Apregoem todos com
Ele a uma só voz e não haja vozes diversas. «Suplico-vos, irmãos, que tenhais
todos uma só voz e que não haja entre vós divisões» (1Cor 1,10). Oiçam as
ovelhas esta voz, purificada de toda a divisão, livre de toda a heresia, e sigam
o seu Pastor que diz: «As minhas ovelhas ouvem a minha voz e seguem-Me» (Jo
10,27).
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