Evangelho segundo S. João 17,1-11a.
Naquele
tempo, Jesus, levantando os olhos ao céu, exclamou: «Pai, chegou a hora!
Manifesta a glória do teu Filho, de modo que o Filho manifeste a tua glória, segundo o poder que lhe deste sobre toda a Humanidade, a fim de que dê a
vida eterna a todos os que lhe entregaste. Esta é a vida eterna: que te
conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste. Eu manifestei a tua glória na Terra, levando a cabo a obra que me deste a
realizar. E agora Tu, ó Pai, manifesta a minha glória junto de ti, aquela
glória que Eu tinha junto de ti, antes de o mundo existir. Dei-te a conhecer
aos homens que, do meio do mundo, me deste. Eles eram teus e Tu mos entregaste e
têm guardado a tua palavra. Agora ficaram a saber que tudo quanto me deste
vem de ti, pois as palavras que me transmitiste Eu lhas tenho transmitido.
Eles receberam-nas e reconheceram verdadeiramente que Eu vim de ti, e creram que
Tu me enviaste. É por eles que Eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles
que me confiaste, porque são teus. Tudo o que é meu é teu e o que é teu é
meu; e neles se manifesta a minha glória. Doravante já não estou no mundo,
mas eles estão no mundo, e Eu vou para ti. Pai santo, Tu que a mim te deste,
guarda-os em ti, para serem um só, como Nós somos!
Da Bíblia
Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
São Cirilo de Alexandria (380-444),
bispo, doutor da Igreja
Comentário sobre o Evangelho de S. João, 4,2 (trad.
do breviário, III semana do Tempo Pascal, rev.)
«Segundo o poder que Lhe deste sobre toda a Humanidade, (…) dê [o
Filho] a vida eterna a todos os que Lhe entregaste»
«Eu morro por todos, diz o Senhor, para que
todos tenham a vida por meu intermédio; Eu morro para resgatar a carne de todos
pela minha Carne. A morte morrerá na minha morte e, juntamente comigo,
ressuscitará a natureza humana do letargo em que caíra. Com esse fim Me tornei
semelhante a vós, um homem autêntico da descendência de Abraão, para ser em tudo
semelhante aos meus irmãos (cf Heb 2,17)». […] Ora, o poder daquele que tinha o
império da morte e, por conseguinte, a mesma morte, nunca poderiam ser
aniquilados se Cristo não Se tivesse oferecido a Si mesmo por nós: foi imolado
um só em redenção por todos, porque sobre todos reinava a morte. Cristo,
oferecendo-Se por nós a Deus Pai como sacrifício imaculado, afirma num Salmo:
«Não quiseste sacrifícios nem oblações, mas preparaste-Me um corpo. Não Me
pediste holocaustos nem sacrifícios pelos pecados. Então, Eu disse: Eis-Me
aqui.» (Sl 40,7-8; Heb 10,5-7). […]
Que Cristo tivesse oferecido a
sua carne pela vida do mundo podemos reconhecê-lo por aquelas palavras que
disse: «Pai Santo, guarda-os!». E logo a seguir: «Por eles Me santifico» (Jo
17,11.19) […], isto é, consagro-Me, ofereço-Me como sacrifício imaculado de
suave perfume (cf Ef 5,2; Gn 8,21). Com efeito, tudo o que era oferecido sobre o
altar era santificado ou chamado santo. Cristo, portanto, deu o seu corpo em
sacrifício pela vida de todos e assim nos foi comunicada de novo a vida por meio
dele. […] Depois que habitou na carne, o Verbo vivificante de Deus restituiu à
carne o seu próprio bem, ou seja, a vida.
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