― assim escreveu Júlia Ledóchowska antes
dos votos religiosos aos 24 anos de idade.
No dia da sua Profissão, mudou o nome para Maria Úrsula de Jesus, que tomou aquelas palavras como orientação para toda a sua vida. Na sua família houve vários homens de Estado, militares, eclesiásticos e pessoas consagradas, comprometidas na história da Europa e da Igreja. Outros dos seus irmãos escolheram a vida consagrada e Maria Teresa foi beatificada em 1975; tinha fundado o Sodalício de São Pedro Claver e o seu irmão Vladimiro, foi Superior-Geral dos Jesuítas.
Nos vinte e cinco anos de vida no convento, em Cracóvia, Maria Úrsula atraiu as atenções com o seu amor ao Senhor, pelo talento educativo e sensibilidade perante as necessidades dos jovens, nas difíceis condições sociais, políticas e morais daquele tempo. Quando as senhoras foram autorizadas a frequentar a Universidade, conseguiu organizar o primeiro pensionato na Polónia, onde as estudantes podiam encontrar um lugar seguro para a vida e para o estudo, além de uma sólida formação religiosa. Mostrou a mesma sensibilidade ao andar, com a bênção de Pio X, em trabalho no coração da Rússia, hostil à Igreja. Quando partiu, acompanhada de outra religiosa e ambas vestidas de burguesas, para Pietroburgo, partiu sem saber que caminhava para um destino desconhecido e que o Espírito Santo a guiava por caminhos que não previra.
Em Pietroburgo, a Madre e as Irmãs da comunidade viviam na clandestinidade, sempre vigiadas pela polícia secreta, mas desenvolvendo um intenso trabalho educativo e de formação religiosa, orientado também para a aproximação das relações entre polacos e russos.
Quando a guerra rebentou em 1914, Maria Úrsula teve de deixar a Rússia, partindo para Estocolmo, começando um peregrinação por toda a Escandinávia, empenhando-se num trabalho educativo e de compromisso na Igreja local, em favor da vítimas da guerra e num compromisso ecuménico. A sua casa foi apoio para pessoas de várias orientações políticas e religiosas. O seu amor pela Pátria ia a par e passo com a abertura aos outros, tendo declarado quando lhe perguntaram qual era a sua política: a minha política é o amor.
Voltou à Polónia com um numeroso grupo de órfãos de famílias emigradas. A Sé Apostólica transformou o convento autónomo das Ursulinas na Congregação das Ursulinas do Sagrado Coração de Jesus Agonizante, cuja espiritualidade se concentrava em volta da contemplação do amor salvífico de Cristo e na participação na sua Missão, por meio do trabalho educativo e de serviço ao próximo, de modo especial os que sofrem, vivem na solidão, marginalizados ou que procuram um sentido para a vida. Maria Úrsula educa as irmãs para o amor de Deus acima de todas as coisas e em Deus cada pessoa humana e toda a criação. Deu um testemunho particularmente credível da sua união com Cristo, e foi um instrumento eficiente do influxo evangelizador e educativo, através do sorriso, serenidade de espírito, humildade e capacidade de viver um dia-a-dia difícil como caminho privilegiado para a santidade. E ela foi um exemplo transparente desta vida.
A Congregação depressa se desenvolveu, nascendo comunidades na Polónia e nas fronteiras orientais do País. Eram pobres, de muitas nações e confissões. Em 1928, abriu a Casa Generalícia em Roma e um pensionato para moças de poucas posses, para melhor conhecerem a riqueza espiritual e religiosa do coração da Igreja e da civilização europeia. Começam um trabalho entre os pobres dos subúrbios de Roma e, em 1930, estabelecem-se em França, sempre com as mesmas preocupações de educação e de ensino. Ocupam-se também da catequese e trabalho nos bairros pobres, organizam aulas para crianças e jovens; ela mesma escreve livros e artigos; procura iniciar e apoiar organizações eclesiásticas para as crianças (Movimento Eucarístico) para a Juventude e para as senhoras. Participa activamente na vida da Igreja e do País, recebendo altos reconhecimentos, bem como condecorações estatais e eclesiásticas.
Faleceu em Roma, a 29 de Maio de 1939, tendo as pessoas dito de imediato que morreu uma santa.
Foi beatificada por João Paulo II em 20 de Junho de 1983, em Poznan e canonizada pelo mesmo Pontífice, a 18 de maio de 2003, Praça S. Pedro.
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