Encontramos a imagem vigilante e ponderada do Bom Pastor na nova Beata Madre Maria Domingas Brun Barbantini que, consciente de ter se tornado uma "nova criatura" no sacrifício de Cristo, não hesitou em responder à graça divina com amor, traduzida em serviço diário aos irmãos e irmãs necessitados.
Deixou a suas filhas espirituais um legado e uma missão tão oportuna e preciosa como sempre. Um amor evangélico concreto pelos menores, os marginalizados, os feridos; um amor feito de gestos de atenção e consolação cristã, de generosa dedicação e incansável proximidade aos doentes e aos sofredores.
Nessa missão apostólica e missionária, resplandece a força e a verdade da palavra de Jesus, pedindo para ser amado e servido nos irmãos famintos, sedentos, nus, estrangeiros, doentes e presos.
Papa João Paulo II -Homilia de Beatificação – 07 de maio de 1995
Maria Domingas nasceu em Lucca, a 17 de fevereiro de 1789, segunda filha entre irmãos. Seu pai Pedro Brun, era de origem suíça, e sua mãe, Joana Granucci, era natural de Lucca.
Na idade de seis anos, ela viveu uma experiência mística de singular importância: a visão do sangue de Jesus que jorra do cálice durante a Consagração. Este acontecimento se constituiu um sinal profético para a sua futura missão ao lado dos doentes e sofredores.
Aos 12 anos, a morte do pai e de três irmãos menores deixou profundas marcas na adolescência de Maria Domingas. A partir de então, cresceu sob a orientação afetuosa e inteligente da mãe, que soube imprimir na filha as mais belas virtudes católicas, contribuiu de modo particular para formar nela um coração aberto e sensível aos infelizes, tornando-se um exemplo de resignação e santidade diante das adversidades com que se deparou durante a vida.
Ao alcançar a juventude, destacou-se como uma mulher brilhante, generosa e cheia de zelo cristão. Foi nesta época que conheceu o jovem Salvador Barbantini, que a pediu em casamento após nutrirem grande amor um pelo outro.
Casaram-se no dia 22 de abril de 1811 na Catedral de São Martino, de Lucca. No seu sexto mês de casamento, quando estava grávida, a morte súbita do seu esposo foi uma ocasião em que, golpeada, aceitou os desígnios da Providência Divina, exprimindo a sua dor a Jesus crucificado, sob a promessa de que intensificaria sua vida cristã e que não contrairia novo matrimônio: "Tu, serás único, meu Cristo Crucificado, serás o meu bem, doravante meu único e verdadeiro amor, a minha única delícia".
Viúva e com uma criança, Maria Domingas foi novamente atingida pela dor e pela angústia quando seu filhinho, Lourenço, morreu aos oito anos. Apesar disso, jamais se vislumbrou nela qualquer resquício de revolta. Pelo contrário: intensificou os propósitos firmados pela ocasião da morte do marido e entregou-se total e incondicionalmente ao serviço dos pobres, doentes e infelizes. A sua maternidade desenvolveu-se numa maternidade mais profunda, santa e universal.
Os pobres enfermos abandonados de sua cidade tornam-se objeto de seu prometido amor. De noite e de dia, sob o sol escaldante ou na chuva, ela não consagrava somente sua ternura aos que sofriam, mas exprimia também diversas atitudes concretas de misericórdia, sempre absolutamente unida e guiada pela Santa Igreja de Cristo, que amava com uma afeição filial, servindo-a com ardor extremo.
Dotada de qualidades específicas, participava em Lucca das atividades do Mosteiro de Santa Maria da Visitação, destinado à educação dos jovens. Era incumbida de organizar a catequese e sua dedicação permitiu que viesse a fundar um instituto para as crianças abandonadas. Por tamanha dedicação e destaque, foi-lhe confiada a responsabilidade de reforçar e reformar diversas atividades apostólicas e educativas.
O que efetivamente marcou sua vida foi a fundação do Instituto Religioso das Irmãs Ministras dos Enfermos. Tal projeto teve início no ano de 1829 quando, reunindo em torno de si algumas jovens donzelas pobres, em sua maioria de saúde frágil, realizou prodígios de caridade à cabeceira dos pobres moribundos e abandonados, vocação maternal que atraiu uma grande quantidade de outras jovens àquela obra de apostolado.
A obra atravessou décadas com diversas moças aplicadas e dedicadas ao apostolado santo das regras escritas pela Fundadora. Finalmente, no dia 5 de agosto de 1841, o arcebispo da cidade de Lucca, D. Domenico Stefanelli, tendo testemunhado a caridade da Fundadora e de suas filhas, aprovou a Regra escrita por Maria Domingas e erigiu a comunidade em Instituto Religioso Diocesano.
Mulher de fé, sempre empenhada no cumprimento e realização concreta da vontade de Deus, Maria Domingas impôs-se na História. Sempre ensinou às suas filhas espirituais a progredirem próximas dos sofredores, em especial dos enfermos, tratando da doença, valorizando o sofrimento, anunciando o rosto bondoso de Deus, no espírito do paternal e caridoso São Camilo de Lellis, que foi perfeito modelo de santidade e de serviço ao próximo, base da inspiração para a fundação desta congregação Camiliana, presente e atuante em diversas partes do mundo.
Maria Domingas experimentou todos os estados de vida que uma mulher pode atravessar: esposa, mãe, viúva, fundadora e religiosa da sua congregação.
A Beata entregou sua alma a Deus no dia 22 de maio de 1868. Por ter vivido de maneira heroica e tendo suas virtudes de fé, esperança e caridade reconhecidas pela Igreja, o Papa João Paulo II a beatificou no dia 07 de maio de 1995.
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