Após a queda da Monarquia francesa em 10 de agosto de 1792, Paris foi tomada por uma verdadeira “febre”, durante a qual inúmeros “suspeitos” de irem contra o Governo revolucionário foram presos: leigos, padres seculares, religiosos, geralmente considerados refratários (que não aceitavam jurar fidelidade à constituição republicana), mesmo que não fosse o caso de todos. Cerca de 350 eclesiásticos foram assim encarcerados, dos quais a metade não pertencia à capital francesa. Entre os dias 2 e 5 de setembro, bandos de homens e de mulheres armados invadiram as prisões parisienses para realizar execuções coletivas dos prisioneiros do Convento das Carmelitas, da Abadia de Saint-Germain, do seminário de Saint-Firmin, das prisões de La Force na Rue Saint-Antoine.
O Convento das Carmelitas, com seu claustro muito amplo, é o primeiro e o mais simbólico palco dos massacres. Segundo o testemunho do Abade Saurin, jesuíta que conseguiu escapar com vida, é impressionante o contraste entre a serenidade que reinava no interior entre os presos eclesiásticos, agrupados em torno de três bispos, e, do lado de fora, o rugido da multidão, os disparos dos canhões, os toques dos tambores e, finalmente, no dia 2 de setembro, por volta das 16h, soa o alarme de Saint-Sulpice, que dá o sinal aos rebeldes amotinados. A carnificina que começou no jardim termina, após uma simulação de julgamento, aos pés de uma escadinha que de comunicação entre a capela, de onde os prisioneiros foram inicialmente expulsos e se deram mutuamente a absolvição, e o jardim. “Eu não ouvi queixa alguma dos que eu vi serem massacrados”, escreveria o Abade da Panonia, que conseguira escapar ferido da tragédia do Convento das Carmelitas.
Entre as 3.000 vítimas de setembro de 1792, 191 pessoas mortas por defenderem sua fé foram beatificadas pelo Papa Pio XI em 17 de outubro de 1926. 86 padres eram membros do clero parisiense. Os quatro leigos e inúmeros religiosos beatificados também pertenciam à Igreja de Paris.
Igreja São José das Carmelitas
74, rue de Vaugirard, 6e arr. - M° Rennes
Tradução e Adaptação:
Gisèle Pimentel
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