quarta-feira, 28 de setembro de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Comunidade aberta ao mundo”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
SACERDOTE REDENTORISTA
NA PAZ DO SENHOR
Não somos para nós
 
A comunidade cristã, em sua espiritualidade, não se distancia das realidades terrenas. Faz parte da espiritualidade sair de si e ir ao encontro dos que não são como nós. Jesus reza: “não vos peço que os tireis do mundo, mas que os livreis do Maligno” (Jo 17,15). Jesus encarnou-se na realidade humana (Hb 2,14). Isso não lhe era um problema. Não se envergonha de chamar-nos irmãos (Hb 2,11). Jesus não fugiu do mundo. A comunidade cristã vive no mundo para, com Jesus, transformá-lo. Não somos para nós. Como Jesus, que veio para as ovelhas perdidas, nós continuamos sua missão no mundo, indo para o meio dos necessitados de salvação. De pouco serviria estarmos bem se o mundo vai mal. Por isso, não podemos nos fechar na Igreja, no grupo, e nos esquecer que o mundo existe, com os olhos fechados para os sofredores de males tanto materiais como espirituais. Jamais será Igreja quem diz: venha para minha Igreja, ou venha para meu grupo. Fechar-se em um grupo ou uma Igreja é procurar a própria ruína. Demonstramos que não entendemos nada do que Jesus ensinou. Uma comunidade voltada para si está condenada a perder seu vigor. A missão de Jesus é atual. Ser missionário é mostrar que acreditou. Não ser missionário, nem que seja só pela oração, é não ter descoberto a urgência de Jesus na conversão dos povos. Imaginemos se 1 bilhão e tanto de católicos e tantos outros ficassem só contemplando a si! Cristo teria morrido em vão. Jesus tinha os olhos sempre voltados para os necessitados. Sentiu compaixão da multidão, pois estava cansada como ovelhas sem pastor (Mt 9,36). A misericórdia de Jesus invada nossas igrejas. 
Organizados para viver 
A Igreja é movida pelo Espírito Santo. Quem sabe tenhamos priorizado mais a estrutura do que o Espírito. As Autoridades da Igreja, os movimentos e associações, muitas vezes, cuidaram mais de observar leis e costumes que se criaram pelos séculos e deixaram de lado o espírito do Evangelho. Isso prejudicou muito. Deu-se mais valor ao secundário do que à fé. Por outro lado, não podemos viver sem uma organização que sustente a obra apostólica da Igreja. A base dessa organização está no poder. Poder evangélico chamado serviço fraterno. Quem quiser ser o maior, seja o servo de todos, como Ele veio não para ser servido, mas para servir (Mc 10,45). Toda organização de Igreja deve ter diante dos olhos os necessitados de redenção. Deus é o responsável pelos que sofrem, e dá a solução não com milagres, mas através de nós. Por isso, nossa estrutura deve estar aberta para o mundo, não para se macular de suas ideologias e idéias, mas para ser o fermento na massa (Lc 13,11), ser a luz sobre o candelabro (Mt 5,16), ser o samaritano que socorre (Lc 10,33). Assim, como Ele o foi, sejamos cada um de nós, organizados para viver o evangelho. 
Comunidade em diálogo com o mundo 
Se vamos ao encontro com o mundo, a espiritualidade nos estimula a entrar em diálogo com todos os segmentos da sociedade, das culturas, das religiões e instituições. Vejamos o quanto devemos estar preparados. A preparação não é só intelectual, pois nem todos têm essa possibilidade, mas sobretudo espiritual, isto é, ter a fé segura em Jesus. Mesmo que os outros não saibam dialogar, nós vamos dialogar. Dialogar significa conhecer e acolher a posição em que o outro se encontra. Aprender com ele aquilo que ele tem a nos ensinar, e apresentar Cristo como Redentor de todos, mesmo que seja somente pelo testemunho do evangelho. Levamos o evangelho para que se desabrochem, em seu jardim, as sementes do Verbo ali semeadas.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM SETEMBRO DE 2007

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