PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) REDENTORISTA CONSAGRADO SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR |
Continuamos nossas reflexões sobre a confissão, não tanto para conhecer a teologia do sacramento, mas para perceber sua necessidade em nossa vida espiritual. Quando deixamos de confessar, deixamos de lado um dom: conhecer-se diante de Deus. Não se trata de uma técnica de autoconhecimento, mas da capacidade de saber quem sou eu diante do Deus que me ama e da comunidade que me acolhe como irmão, filho do mesmo Pai. É um conhecimento libertador, pois não só diz o que somos, mas nos dá a capacidade de, pela conversão, fazer uma caminhada de crescimento em direção a Deus na comunhão fraterna. Não nos deixa num beco-sem-saída diante de nossa realidade, nem numa conformidade estagnada. Ajuda-nos a buscar caminhos. É o iniciar de um processo de renovação. Além do mais, tem o auxílio da graça do sacramento que, além de perdoar, isto é, fazer desaparecer o que é pecado, tem as “vitaminas espirituais” para desenvolver a vida onde havia morte ou doença espiritual. As marcas do pecado, as culpas psicológicas podem permanecer, mas o pecado não existe mais. Temos a fragilidade humana, mas a força divina fortalece nossa fraqueza. O sacramento da confissão exige e propicia esse exame de consciência. Não é um questionário de pecados, mas a busca das raízes do mal que fazemos para que, na liberdade, possamos servir melhor a Deus e aos irmãos. Assim estamos preparados para a confissão.
Reconhecer, arrepender-se, partilhar
O sacramento da confissão é a tomada do pulso de nossa vida. Tem a sabedoria de unir em um só ato aspectos humano-psicológicos e divino-espirituais. É uma ação de Deus e do homem. Juntos, fazemos a passagem da morte para a vida, celebrando assim o Mistério Pascal de Cristo em nossa fragilidade e na força de Cristo. Ele se fez frágil conosco, assumiu nossos males, para libertar-nos. Depois de conhecer-nos a nós mesmos, nós reconhecemos onde erramos. O maior erro é afirmar que o que faço de errado é a verdade. Reconhecendo, temos acesso ao mistério da graça que fazemos pelo nosso arrependimento. Não há confissão sem arrependimento e definição pela mudança. Aqui está um dos mal-entendidos da confissão. Achamos que confessar é dizer os pecados. Mas, é preciso primeiro arrepender-se. A seguir, nós partilhamos com um sacerdote, nossa situação e confessamos os pecados. Somos o necessitado que busca na pessoa que recebeu esse dom, o encontro com Cristo que perdoa. Por que partilhar - dizer os pecados a um frágil como eu? Porque Deus sempre usa a fragilidade para manifestar Sua força. Em todos os sacramentos temos o lado humano. O humano constitui-se em Cristo que perdoa.
A graça do perdão, penitência
O sacramento dá o perdão, a remissão de todos os pecados. Temos de estar atentos ao fato de o perdão ser à pessoa: “eu te absolvo de todos os teus pecados”. É toda a pessoa que é perdoada. É um ato que envolve o afeto de Deus que ama trazer de volta seus filhos para casa. Ele ama restaurar os corações feridos. À medida que entramos em comunhão com Cristo pelo perdão, nos são abertos os tesouros da vida divina. São dados a nós, conforme nossa situação, todos os bens perdidos pelo pecado. Deus nos ama muito e nos quer vivos. A vida espiritual caminha com o perdão. É a mola propulsora. Depois da confissão temos de restaurar o que foi destruído. Essa é a penitência fundamental. Não basta só rezar as ave-marias, mas é preciso restituir a vida que destruímos, reatar os laços rompidos, reiniciar os caminhos da vida.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JULHO DE 2006
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