Evangelho segundo São Lucas 1,39-56.
Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direção a uma cidade de Judá.
Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo
e exclamou em alta voz: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.
Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor?
Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio.
Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Maria disse então:
«A minha alma glorifica o Senhor
e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,
porque pôs os olhos na humildade da sua serva,
de hoje em diante me chamarão bem-aventurada
todas as gerações.
O Todo-poderoso fez em mim maravilhas,
Santo é o seu nome.
A sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que O temem.
Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos.
Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens
e aos ricos despediu de mãos vazias.
Acolheu a Israel, seu servo,
lembrado da sua misericórdia,
como tinha prometido a nossos pais,
a Abraão e à sua descendência para sempre».
Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa.
Tradução litúrgica da Bíblia
Papa de 1963 a 1978
Exortação apostólica sobre a alegria cristã
«Gaudete in Domino»
(© Libreria Editrice Vaticane)
«A minha alma glorifica o Senhor»
Há vinte séculos que a fonte da alegria cristã não cessa de jorrar na Igreja, especialmente no coração dos santos. Na primeira fila, está a Virgem Maria, a cheia de graça, a Mãe do Salvador. Acolhedora do anúncio do alto, Serva do Senhor, Esposa do Espírito Santo, Mãe do Filho eterno, a sua alegria irrompe diante de sua prima Isabel, que tinha elogiado a sua fé, dizendo: «A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações».
Ela compreendeu, melhor que qualquer outra criatura, que Deus faz maravilhas: o seu nome é santo, Ele mostra a sua misericórdia, exalta os humildes, é fiel às suas promessas. O desenrolar visível da vida de Maria não sai da trama habitual; mas ela medita nos mais pequenos sinais de Deus, recordando-os no seu coração (cf Lc 2,19.51). Não lhe foram poupados sofrimentos: está de pé junto da cruz, eminentemente associada ao sacrifício do Salvador inocente, Mãe das dores. Mas está também aberta sem medida à alegria da ressurreição; e foi elevada em corpo e alma à glória do Céu. Primeira a ser resgatada, imaculada desde o momento da sua concepção, incomparável morada do Espírito, habitáculo puríssimo do Redentor dos homens, ela é ao mesmo tempo a Filha bem-amada de Deus e, em Cristo, a Mãe universal. Ela é o símbolo perfeito da Igreja terrena e glorificada.
As palavras proféticas a respeito da nova Jerusalém adquirem uma ressonância maravilhosa na sua existência singular de Virgem de Israel: «Eu exulto de alegria no Senhor, a minha alma rejubila no meu Deus, porque me revestiu com as vestes da salvação e me envolve no manto da justiça, como o jovem esposo se adorna com o diadema, como a noiva se enfeita com as suas joias» (Is 61,10).
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