terça-feira, 31 de maio de 2022

REFLETINDO A PALAVRA - “Vida reconciliada”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA CONSAGRADO
SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR
Clima de conversão
A espiritualidade do sacramento da penitência – confissão – não é somente pedir perdão de um passado a ser chorado, mas nos encaminha a um presente a ser construído. Essa obra é a vida cristã que foi danificada pelo pecado. Na realidade, trata-se de construir uma vida de amor. Assim, a confissão não só dá o estado de graça, abre os tesouros dos sacramentos, recupera o coração, mas confere a missão de construir uma comunidade de conversão permanente. Não se trata só de cancelar o mal causado pelos pecados acusados para que não voltem a acontecer. E para que não voltemos ao mesmo erro, precisamos da saúde espiritual que encontramos no Corpo de Cristo, no qual estamos inseridos. Depurando os males, fortalecendo o caminho, estamos em um clima de conversão permanente na comunidade. Sem o clima de conversão, a comunidade perde a vitalidade apostólica e a capacidade de testemunhar Jesus e seu Evangelho. Nas comunidades é muito frequente a tensão e o desencontro entre pessoas. Elas tornam-se assim um antro de fofoca e agressões, que levam muitos a se afastarem. É um contra testemunho que distancia os que poderiam fazer parte e obstrui o caminho dos que atuam. O projeto de Jesus é o amor mútuo, que é anúncio. “Nisto conhecerão que sois meus discípulos se vos amardes uns aos outros”, nos diz Jesus. A vida da comunidade reconciliada no amor é o maior testemunho e a maior pregação. Como o mal fere a comunidade, a confissão é um excelente meio para recuperá-la. Por isso a celebração do sacramento busca encaminhar os problemas que se criam na comunidade. Não podemos pensar que resolve só os meus problemas, mas ajuda também a comunidade. O pecado é social e atinge todo o corpo de Cristo. A concepção individualista prejudica o sacramento. 
Auxílios da graça 
Podemos pensar que a carga da conversão seja muito pesada para o indivíduo e a comunidade e que não podemos nos libertar. Não há situação tão difícil que não possa ser solucionada. Se permanecermos somente no aspecto humano, pode ser que seja difícil ou até impossível a superação. Mas a graça de Deus garante a solução das dificuldades. O que parece impossível para nós, não o é para Deus. “A Deus nada é impossível!” Contamos não com milagres, mas com sua graça amorosa. Deus jamais nos condena. Sempre vem em nosso socorro. A graça curativa do sacramento faz maravilhas. Os milagres que Jesus fazia são sinais de sua força redentora. Ele é o médico divino. A confissão dá a graça, não só para aquele momento, mas para secundar nossa fraqueza no dia a dia. A graça, que é Cristo, é como o alimento que mais que gostoso, é vital. 
Pedir a perseverança 
Santo Afonso diz que Deus dá a graça, mas a perseverança na graça deve ser pedida com humildade. É necessária a oração insistente para permanecer no bem com a graça de Deus. A súplica faz parte do ser cristão. Jesus disse com clareza: “Pedi e recebereis”. Deus respeita nossa liberdade, por isso deixa-nos escolher. Estar unido a Ele na oração suplicante mostra o quanto somos dependentes dEle em nossa fragilidade. Podemos voltar a cair. Somos os filhos que voltam, mas que querem continuar e não fazer a tontices de antes. Com o auxílio dos santos, nossos amigos, e a proteção maternal de Maria, venceremos! Rezemos uns pelos outros. São João escreve: “Se alguém vê seu irmão pecar... que ele ore e Deus dará a vida a este irmão” (1Jo 5,16). Rezar é um dom e um privilégio.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JULHO DE 2006

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