PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) REDENTORISTA CONSAGRADO SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR |
O sacramento da penitência, tão bom, foi tocado pelo individualismo que atingiu a espiritualidade nos séculos passados. O pecado que cresce na comunidade só pode ter um remédio que, mesmo sendo para o indivíduo, envolva a comunidade. Esse remédio nos é dado pela Palavra de Deus, que diz: “Carregai os fardos uns dos outros e cumprireis toda a lei” (Gl 6,2). O amor cobre a multidão de pecados. Carregar os fardos uns dos outros é sair do individualismo. Podemos ver quão grandes são os males da ganância, do orgulho e do prazer desenfreado as três tentações de Jesus e de todas pessoas. Esses males, que são a raiz de todos os outros, interferem profundamente na comunidade. Então é na comunidade que deve acontecer a conversão, através da vida comunitária pelo amor. Muitos dizem que a religião é questão pessoal. Faço o que quero, você faz o que quer e eu respeito vocês. Deus nos fez povo. E no povo, indivíduos. Se não reparto o pão, se não sou humilde, se não sou dedicado ao amor, estou em pecado. Para vencer esses males, com o auxílio da graça, é necessário o amor em comunidade. A confissão se reduziu a pecados contra o 6º e 9º mandamentos. Pecado não é só problema de sexualidade. No sacramento da penitência é necessário endereçar as pessoas à vida como um todo. Muitos se confessam semanalmente. É bom, se é feito para valer, não só por costume e ficar do mesmo jeito. Vamos descobrir o amor pelos necessitados nos quais refulge o rosto de Jesus. Os necessitadas podem estar nas diversas camadas sociais, o importante é descobrir Jesus sofre no irmão.
Companheiros de busca
Além da preocupação com o amor, preciso encontrar o caminho do amor. Viver o amor em comunidade é também viver a conversão em comunidade. Para crescer na espiritualidade de conversão é bom ter amigos de caminhada. Buscar a espiritualidade juntos é um dos segredos do crescimento espiritual, para juntos nos defendermos e procurarmos melhores estradas para viver o evangelho. Conhecemos tanto a frase: “Ai de quem está sozinho!” O sacramento da penitência devolve-nos à comunidade para juntos vencermos os males. O amor é vida que constitui essa comunidade na qual tem ação duradoura a graça de Cristo, que é remédio e estímulo de vida cristã. É preciso ter amigos no caminho espiritual. Um parêntese para nós, religiosos e sacerdotes: como é dura a solidão espiritual! Às vezes, nós não procuramos a santidade juntos. Para que vivemos juntos? Só por ser prático. Uma comunidade que não procura a santidade em comunidade também é um escândalo que o povo percebe. Por isso a vida religiosa e sacerdotal nem sempre é testemunho evangélico. “Vita comunis mea poetentia”, não o maior castigo, como se traduz, mas o meu melhor caminho de crescimento. Convertamo-nos irmãos e irmãs!
Um amigo especial
Dentre os tantos amigos espirituais, há um que vale a pena pensar nele. É o amigo especial que se chama também diretor espiritual Atualmente tem se falado mais sobre essa figura importante da vida espiritual, muito escassa no momento e também mal compreendida. É preciso ter alguém que esteja ao nosso lado e faça conosco a caminhada. Ele é aquele que nos acompanha e junto ajuda-nos a discernir. Deve ser alguém que caminhe conosco e queira fazer conosco esse caminho para Deus. Não se pode escolhê-lo de um momento para outro. Mas só depois de longa experiência e maturação. A meu ver, é aquele que já escolheu Jesus como sua vida e que acredita no evangelho. Assim pode ajudar-nos a caminhar.
ARTIGO REDIGIDO E PUBLICADO
EM JULHO DE 2006
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