Evangelho segundo São João 16,12-15.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora.
Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vos há de anunciá-lo.
Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vos há de anunciá-lo».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1801-1890)
teólogo,
fundador do Oratório em Inglaterra
Sermão «Christ Manifested
in Remembrance», PPS t. 4, n.° 17
«O Espírito da verdade receberá
do que é meu e vos há de anunciá-lo»
Ao deixar os apóstolos, vendo-os tristes, Nosso Senhor consolou-os com a promessa de lhes enviar outro guia e mestre, em quem poderiam depositar a sua confiança, e que seria para eles mais do que Ele tinha sido. Mas este novo e misericordioso Consolador, trazendo consigo uma graça ainda maior, não podia esconder nem obscurecer Aquele que O tinha precedido. E, ao manifestar-Se, não podia senão manifestar o Filho, pois Ele é um com o Filho, Ele é o Espírito que procede do Filho. Nem poderia deixar de lançar nova luz sobre a compaixão e as perfeições daquele cuja morte na cruz abriu ao Espírito Santo um acesso misericordioso ao coração do homem.
Cristo disse explicitamente aos seus apóstolos: «Ele Me glorificará». Como é que o Espírito glorifica o Filho de Deus? Revelando que aquele que Se entregou como Filho do homem era o Filho único do Pai (cf Jo 1,18). Realmente, o Salvador tinha afirmado que era o Filho de Deus, tinha dito tudo o que era necessário dizer-nos, mas os seus apóstolos não O tinham compreendido. Mesmo confessando a fé com convicção sob a secreta ação da graça de Deus, não compreendiam ainda tudo o que afirmavam.
As palavras do nosso Salvador permanecem, mas aguardam algum tempo até serem esclarecidas; era isso que Ele guardava para a hora da vinda daquele que enviaria. Seria o Espírito a trazer para a luz total a sua pessoa e as suas palavras. Aparentemente, só após a ressurreição, e sobretudo após a ascensão, com a descida do Espírito Santo, é que os apóstolos compreenderam quem tinha estado com eles.
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