PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) REDENTORISTA CONSAGRADO SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR |
Jesus, em sua missão, associa a si seus discípulos. Ele os introduz em seu modo de agir e os envia em missão. Isso foi uma constante. Ele é mestre que ensina vivendo. Pela convivência com eles já pode perceber que estão prontos para a missão. E assim os envia. Esse texto está dito também para os que viriam depois, isto é, nós. A missão dos discípulos é um prolongamento da missão de Jesus, pois Ele os envia com os mesmos poderes de expulsar os espíritos impuros e de curar os doentes, ungindo-os com óleo. Jesus não ungia com óleo. A unção com o óleo vem nos lembrar a ação do Espírito Santo naqueles que continuaram a missão de Jesus. Há uma identidade muito grande entre o Mestre e seu discípulo. Como o Mestre, poderão ser rejeitados também. O profeta Amós, como os discípulos, era uma pessoa do povo. Ele próprio era um homem do campo, pastor e agricultor. Não era profeta de profissão, como havia no reino de Israel que bajulava a corte e inventava profecias agradáveis e assim ter o que comer. Amasias manda embora Amós porque este falava a Palavra de Deus contra o rei. O profeta não pode incomodar as autoridades e os ricos. Amós responde que não está a cata de comida, mas de anunciar a Palavra do Senhor. Ele não é profeta de profissão, mas de vocação, chamado por Deus. Estava sossegado em suas plantações e rebanhos. E o Senhor o chamou. Hoje há tanta gente que fala. Uns falam em nome de Deus, outros do dinheiro ou de seu interesse. O anunciador de Jesus tem a missão de curar os males e fugir da profecia mentirosa.
A comunidade dos remidos
Todos aqueles que acolheram a Palavra dos profetas de Jesus, reuniram-se em comunidade. Ela não é um amontoado de pessoa, mas a realização da profecia do salmo 84: “a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão; da terra brotará a felicidade e a justiça olhará dos altos céus” . Deus e seu povo formarão um mundo novo. Na carta aos Efésios (1,3-14), Paulo descreve toda a bênção que é a “cura” realizada em nós pela obra dos evangelizadores: “O Pai nos abençoou com toda a bênção de seu Espírito. Ele nos escolheu para sermos santos, nos predestinou para sermos filhos adotivos e cumulados de glória e graça. Fomos libertados pelo sangue de Cristo e perdoados de nossas faltas por sua graça. Abriu-nos a toda sabedoria e nos fez conhecer sua vontade: recapitular tudo em Cristo. Em Cristo ouvimos a Palavra. Nele acreditamos e formos marcados pelo Espírito que é o penhor de nossa herança”. A comunidade dos redimidos continua a missão profética de fazer conhecido esse mistério de Cristo de ser tudo em todos. A expulsão dos demônios e a cura dos males se realizam nessa porção do Senhor.
Os pregadores da Palavra
O profeta nos é sempre incômodo, pois nos despoja de nossas seguranças falsas e nos acusa de nossos males. Ele é curador. Os anunciadores da Palavra recebem de Jesus indicações para seu modo de agir: “Não levem nada pelo caminho; nem pão, nem sacola, nem dinheiro, nem levassem duas túnicas”. O profeta não necessita de enfeites e não compra. Ele vive do despojamento, como o Mestre, que não tinha uma pedra onde repousar a cabeça (Lc 9,58). Terão uma única riqueza: a força de cura e libertação, firmados no Senhor. Vão dois a dois: para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada (Mt 18.17). A comunhão de vida é o primeiro testemunho. Haverá recusa, mas é preciso profetizar: Levarão um cajado: O Senhor é minha fortaleza e minha defesa.
Leituras: Amós 7,12-15; Sl 84;
Efésios 1,3-14; Marcos 6,7-13.
1. Jesus, em sua missão, associa a Si seus discípulos que serão dela um prolongamento, com os poderes de Jesus de expulsar os demônios, curar os doentes ungindo-os com óleo, lembrando que agem sob a ação do Espírito Santo. Amós, que era um agricultor e pastor foi chamado por Deus para profetizar para o povo de Israel. Tem que enfrentar os profetas de profissão que falavam para agradar. Hoje essa historia continua: falar em próprio interesse, sobretudo financeiro.
2. Os que acolheram a Palavra dos profetas de Jesus, reúnem-se em comunidade onde se realiza a profecia do salmo: a verdade e o amor se encontrarão, a justiça e a paz se abraçarão. É um povo novo, abençoado por Deus, escolhido para ser santo, predestinado a ser filhos adotivo, libertado para recapitular todas as coisas em Cristo. A comunidade acredita em sua missão profética.
3. O profeta é sempre incômodo, pois nos despoja das falsas seguranças e nos acusa de nossos males. O profeta é curador. Mas deve ser despojado como o Mestre. Terão uma única riqueza: a força de cura e libertação. Vão dois a dois para ser um testemunho vivido em comunidade. O Senhor é meu cajado e minha segurança.
Pau para espantar cachorro
Quando Jesus envia os discípulos a pregar, dá umas recomendações: não levar badulaques! Basta um cajado! Penso que é para se defender dos cachorros. Sabemos que um bastão dá um bom apoio para quem anda longe. Vão dois a dois para se apoiarem e mostrarem que a pregação começa em casa.
A missão é quente: pregar, isto é, contar o que Jesus ensinava. Deviam expulsar o demônio e curar os doentes. A pregação é para mudar. Não tem diabo que agüente. Por isso há gente que não gosta e manda embora mesmo. É o melhor sinal de que está funcionando. O diabo não fica satisfeito com essa mudança. O cajado de apoio é o Senhor.
Homilia do 15º Domingo Comum
(16.07.2006)
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