PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+) REDENTORISTA CONSAGRADO SACERDOTE NA PAZ DO SENHOR |
Iniciamos, a partir deste domingo, o discurso sobre o pão da vida no evangelho de João. Suspende-se a leitura de Marcos, que será retomada no 22º domingo. Ouvimos, no domingo passado, a passagem que mostra a compaixão de Jesus para com o povo sofrido. Hoje vemos essa compaixão na multiplicação dos pães. Socorrer os necessitados é a vocação primeira de Jesus: “Veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). No evangelho de João, a multiplicação dos pães, mais que um milagre, é um sinal. Sinal que nos leva à fé em Jesus. Ele, para solucionar a fome do mundo, coloca-se a Si próprio como o pão da vida. Esse pão da vida nós o comemos acreditando nele. O primeiro lugar onde podemos encontrá-lo é na Eucaristia. Por isso, João, ao iniciar o texto, escreve: “era Páscoa dos Judeus”. É no momento mais importante para os Judeus, no qual fazem memória de sua salvação, que Jesus se coloca como Vida, não somente para o corpo, mas para a pessoa total. Todo esse projeto está simbolizado na multiplicação dos pães. Jesus se preocupa com o povo. Eram muitos. Para comprar pão para todos, seriam necessários 200 dias de trabalhado, num bom salário. Jesus é a sabedoria que prepara o banquete e convida a todos os povos (Eclo 24,18-21). A multidão está lembrando isso. Jesus abençoa o pão, coloca-o na dimensão maior, a partilha, que é a multiplicação. Para Jesus continuar a ser o pão repartido, Ele coloca os apóstolos para distribuírem o pão. São eles que levarão a abundância da vida de Jesus a todos. A vocação misericordiosa de Jesus continua na Igreja através dos apóstolos, a quem Jesus confia a missão de pregar e de alimentar.
Pequenos gestos, grandes soluções
Curiosamente, se lermos a Escritura sob o prisma do pequeno e do frágil, vamos ver que estes estão sempre presentes nas grandes soluções: Diz André: “Aqui há um menino que tem cinco pães e dois peixinhos”. É um frágil alimento que o menino levou para seguir Jesus. Jesus quer precisar de nossa fragilidade. Não sem razão, o salmo coloca a invocação: “Todos os olhos, Senhor, esperam em vós, e vós lhes dais o alimento no tempo certo” (Sl 144). Na fragilidade, contamos com o Senhor. Na Eucaristia Ele se faz presente com a mesma generosidade que marcou sua vida. A atitude de Jesus de envolver os apóstolos na solução é a comunicação de uma vocação particular na Igreja: conduzir o fraco a realizar sua vocação, como nos recorda Paulo na carta aos Efésios: “Eu vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes com toda a humildade e mansidão” (Ef 4,1-2). O sustento de nossa vocação de seguir Jesus está na capacidade de partilhar o pouco que temos, para que todos tenham muito. Os pequenos gestos de partilha geram a vida
Solução sócio-espiritual
A Páscoa é a base das soluções que Jesus oferece. Os milagres foram sinais que Jesus usou para indicar o caminho para viver como Ele viveu: primeiramente a partir da fragilidade, pois Ele era um frágil humano que precisou contar com o que temos para instaurar o Reino. Valoriza o pequeno. Jesus assume também o povo como um todo, mas o quer em grupos onde se possa viver a partilha. Por isso mandou dividi-los em grupos. Assentados na abundante relva: Ele é o bom Pastor. Quando vivemos realmente a partilha, conseguimos a verdadeira espiritualidade que é fazer a passagem natural da eucaristia ao pão repartido, e do pão repartido a ser eucaristia. Por isso João acena para a Páscoa.
Leituras:2Reis4,42-44;Salmo144;
Efésios 6,1-5; João 6,1-15.
1. Interrompemos a leitura de Marcos para ouvir o discurso sobre o pão da vida de João, capítulo 6. Jesus, no cumprimento de sua vocação de ser vida. A multiplicação dos pães é um sinal (milagre) que indica a realização da vocação de Jesus. Era um povo faminto. A solução não vinha da abundância, mas sim da fragilidade do pouco bem repartido.
2. Nos caminhos de Deus, as grandes soluções vêm sempre dos pequenos. O frágil alimento do menino torna-se a solução. Na fragilidade contamos com o Senhor. Na Eucaristia Ele se faz presente com a mesma generosidade de vida. Ele comunica à Igreja sua vocação. Seu sustento é a capacidade de partilhar nossa fragilidade.
3. A Páscoa é a base das soluções que Jesus oferece. Ela indica o caminho de viver como Ele viveu. Jesus assume todo o povo, mas o divide em comunidades menores para ser possível a partilha. Age como o bom pastor que conduz para bons lugares. Em resumo: para viver a vocação na espiritualidade é preciso fazer a passagem natural da Eucaristia para o pão partido e do pão para a Eucaristia. Isso é a Páscoa que João indica no início do Evangelho.
Quem quer pão?
Eu, quando ficar rico, vou abrir uma padaria. Aquela de matar a fome de todo mundo. Imagine a cena: um povo com uma fome de lascar. Como fazer? Diante do impossível, André disse: Está aqui um menino que tem cinco pães e dois peixes. Jesus abençoou e mandou distribuir. Comeram atéee! E sobrou, e muito!
O menino salvou o espetáculo. Essa criançada é fogo! Jesus, de tão pouco fez tanto. É uma lição: com nosso pouco podemos fazer mais do que aqueles que têm muito. E se esse moleque tivesse 5 milhões de reais e 2 milhões de dólares? Imagine se ia dividir!? Todos continuariam com fome. É assim que acontece no mundo e vemos por aqui. Não precisa tomar, basta que não haja tanta ganância. Olhem que caixão não tem gaveta!
Homilia do 17º Domingo Comum
EM JULHO DE 2006
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