O fato de a Igreja pedir que acolhamos os recasados e de não julgar e acusar de pecado a vida dos recasados não significa que devam abertamente participar de tudo o que acontece na comunidade. Com certas normas a Igreja quer salvar seu ensinamento sobre o sacramento do matrimônio.
A preocupação da Igreja é que uma abertura para a frequência dos sacramentos venha a negar na prática o que ela ensina. Traga para a comunidade uma ideia de que agora tudo é permitido e não é necessário preocupar-se com casamento religioso, veiculando um ensinamento errado que seria um tropeço para o trabalho na comunidade. É o problema do escândalo na comunidade e de atitudes que geram uma desordem.
Não há nisso nenhuma condenação das pessoas, mas é uma atitude correta da Igreja que, como mãe e mestra, deve-nos conduzir pelos caminhos da fé com segurança.
O fato de a Igreja não aceitar os recasados para a comunhão não é uma condenação e não impede que eles assumam seus lugares na comunidade eclesial com seus relativos direitos e deveres. Não se pode reduzir toda a pastoral dos recasados à admissão ou não admissão aos sacramentos, embora muitos recasados tenham uma profunda aspiração a receber a comunhão.
Mesmo admitindo que os sacramentos constituem um meio fundamental para o crescimento e sustento do cristão e para sua inserção no mistério de Cristo, não são, contudo, o único meio e o único caminho de acesso à graça de Deus; nem a confissão é o único caminho para o perdão, nem a comunhão é a única fonte da graça de Cristo.
Por isso os recasados são convidados a participar das missas, da acolhida da Palavra de Deus. Mesmo sem a comunhão, a participação da missa será uma grande ajuda para eles. São, portanto, chamados a participar da comunidade eclesial, de cursos de aprofundamento, de equipes de casais, de encontro de oração, de diversos serviços na comunidade. Tenham certeza de que Deus lhes concederá a graça através de outros meios que não necessariamente a comunhão.
Uma atitude sadia é a aceitação do pedido da Igreja e uma participação alegre, procurando seu crescimento espiritual através da oração e da participação na comunidade.
E quando não houver o perigo do escândalo? Cada um vai agir segundo sua própria consciência e guiado pelo sincero desejo de fidelidade a Deus. Não podemos esquecer que a consciência é a voz de Deus em nós.
Certamente cada um de nós tem o dever de formar sua consciência, mas é verdade que não temos outro meio de julgar nosso agir senão através de nossa própria consciência.
Parece que o importante aqui é ser aberto e saber acolher as orientações da comunidade. E perceber que Deus é quem dá a graça ainda que seja por meios diversos do que temos. Não se sentir excluído, não se isolar e se ausentar da comunidade.
Pe. Hélio Libardi, C.Ss.R.
EDITORA SANTUÁRIO
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